No atual panorama do comércio internacional, as recentes alterações tarifárias promovidas pelos Estados Unidos têm vindo a alterar as regras do jogo. Em fevereiro de 2025, a administração Trump introduziu medidas que impõem um imposto de 25% sobre bens oriundos do Canadá e do México, bem como uma sobretaxa de 10% sobre produtos provenientes da China. Estas iniciativas desencadearam respostas imediatas por parte dos países afetados, que começaram a esboçar possíveis medidas de retaliação.

A resposta estratégica da Índia

Num contexto tão dinâmico, a Índia tem optado por uma abordagem diferenciada. Pouco antes da visita do primeiro-ministro Narendra Modi aos Estados Unidos, o governo indiano revelou o orçamento para 2025-2026, o qual inclui uma redução significativa das tarifas aplicadas aos motociclos importados. Este ajuste tarifário, com especial foco nos modelos premium, revela a intenção de transformar o país num pólo atrativo para a produção e montagem de motociclos de marcas internacionais.

Os diferentes modelos de importação

Para entender o impacto desta medida, é essencial conhecer as três modalidades através das quais os motociclos são importados para a Índia:

  • CBU (Completely Built Up): Veículos que chegam ao país totalmente montados e prontos para circular.
  • SKD (Semi-Knocked Down): Motociclos que chegam parcialmente desmontados e que completam a sua montagem em fábricas locais.
  • CKD (Completely Knocked Down): Modelos enviados inteiramente em peças, cuja montagem final ocorre em território indiano.

A redução das taxas alfandegárias nestas três categorias visa não só tornar os produtos mais competitivos, mas também incentivar fabricantes estrangeiros a estabelecerem ou expandirem as suas operações de montagem na Índia.

Benefícios potenciais para a indústria e para os consumidores

Esta política pode ser interpretada como uma resposta direta às críticas feitas anteriormente pelo presidente Trump, que salientava a elevada tributação sobre motociclos importados — particularmente no caso de marcas icónicas como a Harley-Davidson. Com a diminuição dos encargos, não só se pretende facilitar a entrada destes produtos no mercado indiano, tornando-os mais acessíveis aos consumidores, mas também atrair investimentos que permitam a produção local e a criação de emprego.

Se fabricantes de renome, como a Harley-Davidson, Triumph ou BMW, decidirem deslocar parte da sua produção para a Índia, o país poderá emergir como um novo centro global para a indústria de motociclos, com repercussões significativas tanto a nível económico como industrial.

Perspetivas para o futuro

Embora os resultados desta estratégia ainda estejam por ser comprovados, a iniciativa indiana sinaliza uma aposta ambiciosa na criação de um ambiente favorável ao investimento estrangeiro e à modernização da cadeia produtiva. Se bem-sucedida, esta política poderá não só dinamizar o setor das motociclos, mas também servir de exemplo para outras nações que pretendam atrair a indústria através de medidas tarifárias mais competitivas.

O tempo dirá se esta reorientação tarifária e estratégica conseguirá alterar significativamente o panorama global da produção e comercialização de motociclos, mas, por ora, a Índia mostra-se determinada a posicionar-se à frente nesta corrida pela inovação e competitividade.

Source: Rideapart