
O escritor Pedro Prostes da Fonseca acaba de lançar 'Os Putos do PREC', um retrato de como, em 1975, eram as vidas nas escolas secundárias portuguesas, numa altura em que o Processo Revolucionário em Curso (PREC) inflamava o país.
O livro é baseado nas suas experiências pessoais e nas entrevistas que fez ao longo da sua carreira jornalística, em diferentes meios de comunicação social, como o Expresso e a Sábado, e procura mostrar como os jovens estudantes se insurgiram durante este período histórico.
Em entrevista ao Notícias ao Minuto, Prostes da Fonseca revelou que, apesar de já ter deixado a profissão de jornalista, todos os seus livros "têm esse registo".
"Escrevo jornalismo em livro. Tento não ser influenciado quando arranco para mais um livro; apenas me preocupa acrescentar histórias à História. E estas estavam por contar", realçou.
Entre os "putos" do PREC, cujos relatos constam no livro, estão Luís Represas, João César das Neves e Ana Paiva, personalidades bem conhecidas dos portugueses.
"Gosto do ano de 1975. Como teria gostado de viver os anos 60… fora de Portugal, obviamente. Tem tudo que ver com a utopia. Algo que não sinto nos jovens de hoje", atirou.
Portugal era um "país de fortes contrastes"
''Os Putos do PREC'© Guerra & Paz
Sobre o país que se vivia à época, Prostes da Fonseca salientou que "é impossível deixar uma apreciação global", uma vez que se "vivia num país de fortes contrastes".
"Os episódios que surgem no livro passaram-se fundamentalmente em Lisboa e Porto. E mesmo nestas cidades, em alguns liceus. De notar que Portugal era de tal modo atrasado que a existência de liceus era um luxo de quem vivia nas grandes cidades", lembrou.
No liceu que frequentava, o D. Dinis, em Chelas, "tudo era política", era "bombástico". "Aderi à juventude de um partido e vivi intensamente essa realidade com apenas 12 anos", confessou, acrescentando que "é um mito" que a Revolução dos Cravos tenha sido pacífica.
"As escolas eram barris de pólvora, davam capas de jornais e debates na Assembleia da República. Houve feridos e mortos", garantiu.
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