
O concurso de escrita criativa inter-prisões promovido pelos ministérios da Justiça e da Cultura no âmbito dos 500 anos do nascimento de Camões atribuiu sete prémios a reclusos e jovens, selecionados entre 90 candidaturas, anunciou a organização.
O Concurso de Escrita Criativa 2025 realizou-se no âmbito das comemorações do V Centenário do nascimento de Luís de Camões - em curso até junho de 2026 - promovido pela Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), em parceria com a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), indica o 'site' desta entidade.
Os júris do concurso nacional analisaram 78 textos provenientes de reclusos em prisões portuguesas e 12 escritos por jovens que cumprem medidas tutelares educativas, inspirados no verso "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", de Camões.
A seleção das candidaturas decorreu em duas fases: numa primeira etapa, os textos foram avaliados por júris locais, compostos por representantes das prisões, centros educativos e bibliotecas municipais, e depois analisados por um júri nacional, com profissionais da DGRSP e da DGLAB, que determinaram a classificação final.
"Meu Caro Luís", "Visita Marcante", "...As Saudades!" e "Memórias de um poeta"
Na categoria de Estabelecimentos Prisionais, o primeiro prémio foi atribuído a Isaac Furtado, do Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz, pelo texto "Meu Caro Luís". O segundo lugar coube a Sara Formiga, reclusa em Tires, com "Visita Marcante".
O terceiro prémio foi para Luís Rafael do Carmo, do Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo, autor do texto "...As Saudades!".
Entre os jovens, Núria Cruz, do Centro Educativo Navarro Paiva, arrecadou o primeiro prémio com um texto sem título, e em segundo lugar ficou Leo Varanda, do Centro Educativo da Bela Vista, com "Memórias de um poeta".
O terceiro prémio foi atribuído a Martim Inácio, do Centro Educativo dos Olivais, com o texto "Mudanças". Uma menção honrosa foi entregue a Siul d'Odeveza, do Centro Educativo Santo António, pela obra "Contradições".
A DGRSP realça, por seu lado, a importância da iniciativa no processo de reintegração social e desenvolvimento pessoal de quem cumpre penas privativas de liberdade ou medidas educativas.
Para os organizadores, o envolvimento de reclusos e jovens em iniciativas culturais representa uma ponte entre a liberdade interior que a literatura permite e a possibilidade de transformação individual, mesmo em contextos de privação da liberdade.
O programa "Leitura sem Fronteiras", de que este concurso faz parte, tem vindo a fomentar práticas de leitura, escrita e criação em diversos contextos do sistema prisional e educativo, com o apoio de redes de bibliotecas e profissionais da área cultural e da justiça.
A escolha de Camões como figura inspiradora desta edição, segundo os promotores, relaciona-se com o papel central do autor de "Os Lusíadas" na identidade nacional, mas também a intemporalidade da sua obra e a atualidade do seu pensamento sobre a mudança e o destino.