
Os irlandeses Kneecap estão a ser investigados pela unidade de contra-terrorismo do Reino Unido. Em causa estão as suas declarações pró-Palestina durante uma atuação no festival de Coachella, bem como vídeos de concertos passados, onde apelam ao assassinato de membros do Partido Conservador e Unionista do Reino Unido e exaltam o Hamas e o Hezbollah.
No Reino Unido, o apoio público a estas organizações, consideradas terroristas por vários países ocidentais, é criminalizado. Num dos vídeos, filmado em 2023, os Kneecap - naturais de Belfast, Irlanda do Norte, mas apoiantes da reunificação da Irlanda - afirmam que "o único conservador bom é um conservador morto".
O vídeo levou Katie Amess, filha de David Amess, membro do parlamento britânico assassinado em 2021 por um islamita radical, a exigir ao grupo um pedido de desculpas.
Em sua defesa, os Kneecap afirmaram, em comunicado, estar a ser alvo de uma "campanha de difamação", "baseada em distorções e falsidades", prometendo seguir vias legais com vista ao seu término. "Nenhuma parangona irá mudar isto: a nossa única preocupação é o povo palestiniano", afirmaram.
"Os jovens que vão aos nossos concertos conseguem ver além da mentira. Estão ao lado da humanidade e da justiça. E isso enche-nos de esperança". A banda pediu ainda desculpas à família de Amess: "nunca vos quisemos magoar".
Num outro comunicado, os Kneecap acrescentaram que nunca apoiaram quer o Hamas, quer o Hezbollah. "Condenamos todos os ataques a civis. Nunca é justificável. Sabemos isto melhor que do ninguém, dada a história do nosso país". Segundo o grupo, os comentários proferidos no vídeo "foram retirados do seu contexto".
Recorde-se que as declarações pró-Palestina e anti-Israel dos Kneecap em Coachella levaram Sharon Osbourne a apelar à expulsão do grupo dos Estados Unidos. Do mesmo modo, vários políticos britânicos, incluindo do Partido Trabalhista, mais à esquerda no espectro ideológico, pediram a Michael Eavis, organizador do festival de Glastonbury, para que proibisse o grupo de atuar na edição de 2025 do evento, em junho. Mark Swinney, primeiro-ministro da Escócia, afirmou que seria "inaceitável" ter os Kneecap a atuar no festival TRNSMT, em Glasgow, em julho.