
Reconhecendo a importância de prémios como os Play, mas lamentando o facto de ainda não estar incluído o cante alentejano, Buba Espinho reagiu à nomeação a Artista Revelação. A seu lado, nesta categoria, estão ainda Bandidos do Cante, Bluay e iolanda.
Em conversa com o Notícias ao Minuto, o cantor acabou por comentar também a importância das plataformas e rádios que servem como "rampas", mas frisando que o "trabalho dos artistas" é o mais importante.
A gala de entrega dos Prémios PLAY - criados em 2019 - vai decorrer no dia 3 de abril, no Coliseu de Lisboa, numa cerimónia apresentada por Filomena Cautela e Inês Lopes Gonçalves, que será transmitida em direto na RTP1, RTP África, RTP Internacional, RTP Play e Antena 1.
Qual é para si a importância desta nomeação, da existência de prémios como este?
É muito importante! Sou um apaixonado pela música portuguesa e sinto que aqui, esta gala e esta conferência de imprensa, são sempre momentos muito bonitos. Encontramos colegas que é difícil encontrar durante o ano, porque estamos sempre em concertos. Sinto que é uma festa muito bonita onde nos encontramos não só com os nossos amigos, mas também com artistas que nunca conhecemos. E é aqui que nos conhecemos.
Em relação à minha nomeação, estou muito feliz. É o reconhecimento de uma carreira começada no interior, difícil, um trajeto que tem muito sacrifício, muito trabalho. Em meu nome, e de todas as pessoas que vêm do interior, é uma valorização e isso deixa-me muito contente.
Às vezes é fixe sair da box e encontrarmo-nos com outros artistas, outras perspetivas, outras viagens, outros caminhos… É isso que é rico na música
O facto de estes prémios incluírem vários estilos da música portuguesa, como vê isso?
Falta só incluírem o cante alentejano. Mas acho ótimo, porque muitas vezes não estamos em contacto com outros géneros musicais, estamos habituados a trabalhar com os mesmos produtores, os mesmos guitarristas, os mesmos músicos… Às vezes é fixe sair da box e encontrarmo-nos com outros artistas, outras perspetivas, outras viagens, outros caminhos… É isso que é rico na música. Uma vez mais, parabéns aos prémios Play por juntarem aqui as pessoas de todas as áreas - quase todas, falta o cante alentejano.
Durante os discursos no anúncio dos nomeados deste ano aos Play falavam da inteligência artificial, e recentemente alguns artistas lançaram um álbum silencioso como forma de protesto… Como é que vê a chegada da inteligência artificial no que diz respeito à indústria musical?
Não costumo estar muito ligado a esse tipo de questões. Limito-me a fazer a minha música, rodeada daquilo que gosto, das minhas experiências. Acredito que seja um problema alguém simular a nossa cara, a nossa música. Isso é problemático, é verdade. Mas limito-me a continuar fazer música, a lutar pela música de raiz e tradicional. Essa é a minha missão.
O mais importante é o trabalho dos artistas todos os dias. Sinto que as plataformas e as rádios são rampas para nós, são impulso, porque a arte é que é importante, os criadores é que são importantes
E mais do que as rádios, são importantes as plataformas como o Spotify, ou redes sociais, para conseguir chegar ao público?
São sempre úteis, mas o mais importante é o trabalho dos artistas todos os dias. Sinto que as plataformas e as rádios são rampas para nós, são impulso, porque a arte é que é importante, os criadores é que são importantes. Quem cria as melodias, quem as interpreta, aí é que deve estar o trabalho e o foco. Depois, claro, as rádios e tudo mais em torno da música, quem a comercializa... Claro que tem que estar ligada e investir cada vez mais em vários géneros musicais. Aqui como os Prémios Play, investirem na música erudita, na música clássica, na música ligeira e popular portuguesa... É muito importante dar voz a toda a gente. Alguns artistas muitas vezes não conseguem chegar a essas rampas, mas acredito que nem sempre é necessário. Se houver trabalho, acho que as pessoas ficam realizadas com isso. Eu pelo menos fico.
Se tivesse que resumir a importância da música na vida das pessoas, o que diria?
Música é tal e qual como o oxigénio.
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