
O castelo, instalado na vila de Santo Estêvão, no norte do distrito de Vila Real, está classificado como monumento nacional desde 1939.
"Tem vindo a degradar-se de forma muito consistente nos últimos anos e o nosso receio é que possa colapsar", afirmou o presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz, que falava numa conferência de imprensa que decorreu junto ao monumento.
O autarca realçou que se trata de património do Estado e explicou que desde 2022 que o município tem alertado diferentes organismos estatais para a necessidade urgente de uma intervenção neste castelo, reconhecendo, no entanto, dúvidas sobre quem é a entidade responsável pela gestão deste património.
"A verdade é que até hoje não aconteceu nada", apontou.
Em resultado das infiltrações, tanto a cobertura como o piso de madeiras estão, explicou, em avançado estado de degradação.
"O nosso maior medo é que as próprias fundações possam estar em causa e esta fortificação, no seu conjunto, possa ruir", salientou Nuno Vaz, que realçou que a conferência de imprensa de hoje é "quase que ato de desespero para chamar a atenção".
O município, segundo o autarca, está disponível para ser parceiro numa solução, até a nível financeiro, para que o monumento volte a abrir portas e se transforme num ativo turístico.
Na vila lamenta-se que o castelo esteja fechado e são muitas as memórias e histórias à volta da torre de menagem medieval, construída em granito e que tem rés-do-chão e mais dois andares. Foi sede da casa do povo, acolheu consultas médicas, ali houve ensaios do rancho folclórico, jogos de cartas e bailes.
Adozinda Chaves, 72 anos, nasceu ao correr do castelo. "Fizemos aqui muitas brincadeiras, também se fizeram muitos eventos e muitas festas, caminhadas. Quando eu era miúda já vinha cá um médico uma vez por semana, lembro-me de trazerem cá as relíquias de Nuno Álvares Pereira, ele seria o dono destas terras nos tempos atrás", contou.
Mas há também mistérios como a "passagem secreta" que havia daqui para Chaves, como lhe contava a sua avó.
"É mesmo muito triste ver tudo degradado, tudo a cair. Parece que ficamos esquecidos, o nosso castelo é um património do Estado, é de toda a gente. Por favor não se esqueçam de nós", frisou, defendendo obras de restauro para poder "subir e descer e fazer como se fazia antes".
A fundadora do rancho folclórico Lúcia Teixeira, com 70 anos, disse também ser "uma tristeza" ver o castelo fechado, lembrando que este era um espaço com muita vida.
"Esta torre de menagem tem uma história muito grande, aqui viviam pessoas que ainda hoje se chamam as 'castelas'. Era e é o coração da aldeia, só que agora temos que dizer às pessoas que têm o poder que olhem para nós, porque nós também votamos, também somos gente e quem ama a sua terra gosta de ver as coisas bem", salientou.
A presidente da Junta de Santo Estêvão, Maria José Barros, lamentou o estado de degradação "drástica" do castelo em consequência das infiltrações e dos invernos rigorosos.
"Começou por ser pouca e pequena, mas como não houve reparação, neste momento a degradação é grande e significativa e está-nos a preocupar imenso porque não pode ser visitada e a qualquer momento pode haver até uma derrocada", salientou a autarca de freguesia.
A agência Lusa tentou contactar o instituto Património Cultural para pedir uma reação sobre o castelo, o que não foi possível até ao momento.
Pode ver imagens da conferência de imprensa e da degradação do castelo na galeria acima.
[Notícia atualizada às 21h35]