
Cerca de 13 milhões de crianças moçambicanas, das mais de 16 milhões, vivem em situação de pobreza, o que representa 77% do total, indica um relatório do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), lançado na última Segunda-feira, 26 de Maio, em Maputo.
Segundo o documento, crise provocada pelas dívidas ocultas, a pandemia da Covid-19, os choques climáticos e os conflitos são alguns dos factores que contribuíram para o aumento da pobreza monetária infantil moçambicana.
No acto de lançamento do Relatório sobre Pobreza Infantil em Moçambique, o representante adjunto da agência das Nações Unidas em Moçambique, Yannick Brand, referiu que, apesar dos progressos em algumas áreas, a pobreza infantil no país do Índico continua a afectar um número inaceitavelmente elevado de meninas e meninos. “Cerca de 77% das crianças vivem em situação de pobreza, seja monetária, multidimensional ou ambas”, enfatizou.
O responsável apontou para a existência de “desigualdades profundas” em Moçambique, entre territoriais e estruturais, o que leva a que algumas crianças continuem a viver em condições “significativamente mais desfavoráveis”, com a pobreza rural aproximadamente três vezes maior que a pobreza urbana.
“A pobreza infantil é mais do que a falta de recursos. Ela compromete o acesso à educação, à saúde, à nutrição adequada, à protecção e ao direito a uma infância plena e compromete, inevitavelmente, o desenvolvimento sustentável do país”, sublinhou Yannick Brand, citado pela Lusa.
O quadro do Unicef detalhou que das cerca de 16,4 milhões de crianças em Moçambique, 70,3% vivem em pobreza de consumo e 41,3% têm privações em várias dimensões “essenciais do seu bem-estar”, sendo que “uma em cada três crianças vive em pobreza simultânea”.