Os acionistas do UBS aprovaram em assembleia o pacote salarial referente a 2024, bem como o programa de recompra de ações de 2,71 mil milhões de euros, apesar do conselho do ‘proxy advisor’ Ethos ditar o contrário, de acordo com a Agência Reuters. Nesta assembleia, foram também reeleitos o ‘chairman’ do banco, Colm Kelleher, e o ‘vice-chairman’, Lukas Gaehwiler, de acordo com as informações divulgadas pela instituição.

O pacote salarial teve um aumento na aprovação dos acionistas, contando com 86,7% dos votos a favor, um pouco acima dos 83,5% registados no ano anterior e apesar dos conselhos do ‘proxy advisor’. Esta aprovação surge numa altura em que a Suíça quer limitar o salário dos banqueiros, tendo esta lei já passado na câmara alta do parlamento. Já o programa de recompra de ações foi aprovado com 93,53% dos votos.

Segundo reporta a Reuters, o programa vai ser levado a cabo com uma recompra de 902,4 milhões de euros no primeiro semestre, seguida de uma operação semelhante no segundo semestre no valor de 1,8 mil milhões. A Ethos aconselhou os acionistas do UBS a não prosseguirem com a recompra de ações, argumentando que o capital devia ser reservado para garantir estabilidade. “Consideramos inadequada a destruição de capital e instamos o Conselho de Administração a pôr termo às suas atividades de recompra, que apenas beneficiam a remuneração variável dos nossos executivos e alguns investidores orientados para o curto prazo”, defendeu o CEO da Ethos, Vincent Kaufmann, na assembleia, de acordo com a Reuters.

Este tema surge numa altura em que as exigências de capital do UBS têm estado em destaque na Suíça, com o governo do país a considerar aumentar os requisitos de capital para o banco liderado por Sergio Ermotti. A preocupação política surge na sequência da integração do falido Credit Suisse no UBS e as consequências que um possível colapso do resultado desta fusão teria na economia. As atualizações sobre requisitos de capital estão agendadas para o início de junho.

Por outro lado, o banco desvaloriza estas advertências. O ‘chairman’ considera que regulação em demasia é um risco para o sucesso a longo prazo do banco e que, “sem alterações imediatas sobre as regras [de capital], estamos focados em devolver capital aos acionistas”. Kelleher acrescentou também que a instituição já tem restrições regulatórias e adicionar mais vai prejudicar o UBS, o centro financeiro suíço e a economia do país em geral. Por fim, reforça que 2025 vai ser um ano “desafiante para os mercados e com incertezas”.

As reeleições do Conselho de Administração ficaram marcadas pela diminuição dos votos a favor. Kelleher teve agora uma aprovação de 90%, menos seis pontos percentuais do que há um ano, e Gaehwiler passou no crivo dos acionistas com uma aprovação de 89,5%, o que compara negativamente com os 98,6% do ano anterior. Foram ainda eleitos dois membros novos para o órgão: Renata Jungo Bruengger, com 78% dos votos a favor, e Lila Tretikov, com uma aprovação de 99,4%.