
O crédito concedido a clientes e os depósitos nos bancos angolanos registaram um crescimento em 2024, segundo um estudo da Deloitte, mas é necessário continuar a reforçar a inclusão financeira, realçou o presidente da consultora em Angola, José Barata.
“Aquilo que se tem vindo a notar é que há um volume de massa monetária que cada vez mais está fora do sistema financeiro. Os bancos têm de levar a cabo um trabalho significativo, quer de confiança, quer em termos de chegar através de agentes, por exemplo, e novas tecnologias, junto das populações e aumentar a base de clientes para conseguir meter massa monetária, que hoje está fora, dentro do sistema”, realçou o responsável da Deloitte Angola.
Segundo José Barata, apesar do crescimento do crédito concedido aos clientes, que aumentou 15%, o crescimento dos depósitos de clientes foi apenas de 1,8% em 2024. “Há uma forte apetência pelas populações pelo numerário em detrimento dos depósitos bancários”, apontou.
Relativamente ao crédito, José Barata destacou que “o volume de crédito vencido é ainda elevado” e alertou que os bancos devem prestar maior atenção ao acompanhamento e à recuperação dos créditos concedidos.
“Fruto também das políticas levadas a cabo pelo BNA e pelo executivo, que levaram a um aumento do crédito, é necessário haver um esforço de todos para que os projetos possam ser bancáveis”, acrescentou.
O estudo “Banca em Análise 2025” indica ainda que, embora os resultados líquidos do setor tenham crescido 58% face ao ano anterior, este valor fica condicionado ao facto de em 2023 ter havido um forte prejuízo do Banco Económico. “Expurgado esse prejuízo, o resultado líquido do setor como um todo teve um crescimento marginal de 1,2%”, explicou José Barata.
O governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Tiago Dias, reforçou que a banca angolana está sólida e saudável, com uma tendência de crescimento docrédito à economia acima dos 30% este ano.
Tiago Dias adiantou que Angola está a realizar um Programa de Avaliação do Setor Financeiro (FSAP) com o apoio do Banco Mundial e FMI, e recentemente realizou uma simulação de crise para testar a resiliência do sistema bancário.
Sobre o Banco Económico, afirmou que o plano de recapitalização e reestruturação “continua a ser implementado”, mas não indicou prazos para a conclusão deste processo.
O Banco Económico, antigo Banco Espírito Santo Angola (BESA), adotou em 2021 um Plano de Recapitalização e Reestruturação aprovado pelo Banco Nacional de Angola, para encontrar uma solução viável e assegurar a estabilidade financeira do banco, considerado de importância sistémica para o setor.
Agência Lusa
Editado por Jornal PT50