Numa entrevista publicada hoje pelo jornal 'O Globo', Sergei Lavrov sublinhou que uma das prioridades da aliança (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) é a construção de "mecanismos de pagamento sustentáveis".

Lavrov está no Brasil para participar na reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros do fórum de países emergentes BRICS, que decorre hoje e terça-feira no Rio de Janeiro, antes da reunião de chefes de Estado prevista para junho.

Nesse sentido, destacou a iniciativa de pagamentos transfronteiriços, conhecida como "BRICS Pay", e a nova plataforma de investimentos criada a partir da declaração final da cimeira realizada na cidade de Kazan, na Rússia, no ano passado.

Estas ferramentas, além de "garantir o funcionamento ininterrupto das transações financeiras" entre os parceiros, ajudam a reduzir a dependência do dólar, sublinhou.

Lavrov qualificou "de inaceitável" que as moedas de reserva sejam utilizadas como arma de competição e as transações de pagamento "sejam bloqueadas sob pretextos políticos", embora em nenhum momento tenha feito menção direta à guerra comercial declarada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"Ninguém quer sofrer as sanções que o Ocidente impõe contra os países 'indesejáveis', aproveitando-se da posição monopolista nos mercados financeiros", disse.

Lavrov considerou ainda "ser prematuro" falar da imposição de uma moeda única no âmbito dos BRICS e esclareceu que os esforços estão atualmente centrados na promoção de uma "utilização mais ativa das moedas nacionais", acrescentando que as conversações sobre uma moeda única poderão ser retomadas quando estiverem reunidas as condições financeiras e económicas para tal.

O BRICS foi inicialmente fundado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e conta agora com o Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irão, Indonésia e Arábia Saudita como novos membros, embora esta última ainda não tenha formalizado a adesão.

Nove países (Bielorrússia, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão) juntaram-se ao grupo de cooperação como membros parceiros.

 

MIM // EJ

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