Portugal é um parceiro privilegiado para a promoção de Angola na Europa e no mundo. Este foi o mote com que N’Gunu Tiny, fundador do Grupo Media9 abriu o evento Doing Business Angola 2025 que acontece esta Segunda-feira, em Lisboa, e que conta com a organização do JE e Forbes África Lusófona.

O JE e a Forbes África Lusófona voltam a reunir decisores públicos, empresários e investidores para debater temas estruturantes como o ambiente de negócios, privatizações, financiamento da economia, mercado financeiro, petróleo e gás, turismo e os desafios de Angola e da Lusofonia num mundo em mudança.

“Este encontro é especialmente simbólico por ter lugar em Portugal — não apenas pelo passado histórico que nos une, mas pelas pontes que hoje construímos para o futuro. A nossa escolha não é aleatória. Portugal representa um dos mercados mais estratégicos da Lusofonia. É um parceiro privilegiado para promover Angola na Europa e no mundo, com canais já consolidados junto da CPLP, da União Europeia, da OCDE e das instituições financeiras internacionais”, começou por destacar este empresário.

N’Gunu Tiny referiu que Portugal, “com a sua posição privilegiada, pode e deve desempenhar um papel importante na internacionalização das empresas angolanas e na captação de investimentos para
Angola, mas para isso é necessário uma estratégia – individual e conjunta – bem definida. Por isso, o Doing Business Angola é também um fórum ideal para que sector público e privado abordem oportunidades e desafios e possam começar traçar uma nova avenida de crescimento”.

Relativamente ao crescimento e às oportunidades, o fundador da Media9 começou por falar do mercado de capitais: Angola tem feito progressos assinaláveis com a Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA), que atingiu um volume de negócios de 5,87 milhões de dólares americanos em 2024. Este
é apenas o início. Há um vasto espaço para crescimento, especialmente com a criação de novos produtos financeiros, o fortalecimento da regulação e a promoção da literacia financeira.

O Doing Business Angola “é mais do que uma iniciativa económica centrada em Angola — é uma plataforma de entrada para a África Austral, uma ponte para os blocos regionais e uma janela para o potencial económico do continente africano como um todo.

N’Gunu Tiny considera muito importante que haja “mais empresas listadas, mais investidores, maior
transparência — porque um mercado de capitais forte é alicerce para uma economia moderna.

Na transição energética, Angola “posiciona-se como um actor relevante, não só pela riqueza dos seus recursos, mas pela visão estratégica que hoje adotou. Acreditamos que o futuro energético passa por uma matriz diversificada, onde petróleo e gás coexistem com as renováveis e onde a inovação é aliada da sustentabilidade. E, com os investimentos certos, Angola pode tornar-se uma referência africana em soluções energéticas nas próximas décadas”.

Quanto ao turismo, este empresário considerou que o país “tem um sector com potencial extraordinário” já que Angola foi, este ano, incluída pela primeira vez na lista dos “52 destinos a visitar” do The New York Times. As praias tropicais, as imensas quedas de águas e os parques nacionais começam a conquistar o seu lugar no mapa mundial. Mas queremos mais. Queremos investimento em infra-estruturas, formação e parcerias internacionais. O turismo pode e deve ser uma nova fonte de receita, emprego e orgulho nacional.

O fundador do grupo Media9 defende a importância de ter “melhor Estado e maior iniciativa privada”: “Melhor Estado significa uma correcta e articulada definição dos pilares estratégicos da economia; um bom desenho regulatório dos diversos sectores; um robusto quadro de incentivos ao investimento privado; um rápido e justo direito aos tribunais e aos mecanismos alternativos de resolução de litígios; e uma intervenção focada em áreas onde o interesse público assim o exige e onde uma visão de “comparador público” assim o aconselha”.

“Queremos ver mais joint ventures, mais transferência de tecnologia, mais intercâmbio de conhecimento entre empresas angolanas e portuguesas. O capital humano e cultural que partilhamos é a base de algo muito maior. E é por isso que Portugal é um parceiro estratégico”, realçou.

Assim, o Doing Business Angola “é mais do que uma iniciativa económica centrada em Angola — é uma plataforma de entrada para a África Austral, uma ponte para os blocos regionais e uma janela para o potencial económico do continente africano como um todo. E Portugal, com a sua posição privilegiada, é o parceiro estratégico nesta jornada”, concluiu.

*José Carlos Lourinho