Os bancos de Macau obtiveram um lucro de 4,01 mil milhões de patacas (484,4 milhões de euros) em 2024, uma queda de 21,3% e o valor mais baixo desde 2010.

De acordo com dados oficiais da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), a principal razão para a diminuição dos lucros foi uma queda de 18,3%, para 16,1 mil milhões de patacas (1,94 milhões de euros), na margem de juros, a diferença entre as receitas dos empréstimos e as despesas com depósitos.

Isto depois da AMCM ter aprovado três descidas da principal taxa de juro de referência nos últimos três meses de 2024, a última das quais um corte de 0,25 pontos percentuais, introduzida em 19 de dezembro, seguindo a Reserva Federal norte-americana.

Os empréstimos, a principal fonte de receitas da banca a nível mundial, diminuíram 7,2% em comparação com o final de dezembro de 2023, fixando-se em 1,01 biliões de patacas (122,6 mil milhões de euros).

Pelo contrário, os depósitos junto dos bancos de Macau aumentaram 4%, para 1,27 biliões de patacas (153,8 mil milhões de euros) no final de 2024, disse a AMCM na segunda-feira.

A banca da região administrativa especial chinesa tinha terminado 2023 com um lucro de 6,14 mil milhões de patacas (615,2 milhões de euros), menos 53,5% do que no ano anterior.

Macau tem dois bancos emissores de moeda: a sucursal local do banco estatal chinês Banco da China e o Banco Nacional Ultramarino (BNU), que pertence ao Grupo Caixa Geral de Depósitos.

O BNU anunciou em novembro lucros líquidos de 444,2 milhões de patacas (cerca de 52,25 milhões de euros) nos três primeiros trimestres do ano, uma diminuição homóloga de 3,4%, em parte devido ao “ambiente prevalecente das taxas de juro”.

O crédito malparado aumentou 30,3% em 2024 para 56,1 mil milhões de patacas (6,78 mil milhões de euros), o valor mais elevado desde que a AMCM começou a compliar estes dados, em 1990, ainda durante a administração portuguesa do território.

Os empréstimos vencidos representavam 5,5% dos empréstimos dos bancos de Macau, mais 1,6 pontos percentuais do que no final de 2023. Uma percentagem que atinge 6,9% no caso do crédito a instituições ou indivíduos fora da região chinesa.

A Autoridade Bancária Europeia, a agência reguladora da UE, por exemplo, considera que os bancos com pelo menos 5% dos empréstimos malparados têm “elevada exposição” ao risco e devem estabelecer uma estratégia para resolver o problema.

Ainda assim, a percentagem de crédito bancário vencido em Macau está longe do recorde de 25,3% alcançado em meados de 2001, em plena crise económica mundial causada pelo rebentar da bolha especulativa das empresas ligadas à Internet.

Agência Lusa