
O BCP registou um lucro consolidado de 243,5 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, o que correspondeu a mais 3,9% face a igual período de 2024.
Para este resultado o negócio em Portugal contribuiu com 218,9 milhões de euros, o que revela um aumento de 7,6% face ao primeiro trimestre do ano passado, um crescimento menos acentuado do verificado entre o primeiro trimestre de 2023 para 2024, que ascendeu a 18,4%.
O presidente do BCP, Miguel Maya, afirma em conferência de imprensa que o grupo, tendo em conta "a situação geopolítica e um contexto marcado pela inflação, registou um resultado bastante razoável".
A rentabilidade dos capitais próprios (ROE na sigla inglesa) atingiu em março 13,9%, um indicador que mede a capacidade do banco remunerar os seus acionistas.
Os recursos totais cresceram 6,1% para €104,6 mil milhões e o crédito subiu 2,2% para €58,1 mil milhões, no período em análise. Os ativos não produtivos (malparado) registaram uma redução relevante face a março de 2024, sublinha o banco: "232 milhões de euros em malparado; menos 119% ; 43 milhões de euros em imóveis recebidos por recuperação (dação em cumprimento) e 39 milhões de euros em fundos de reestruturação".
O BCP registou uma redução de 39,7% das imparidades para crédito e outros fins face a igual período de 2024, para 38,5 milhões de euros. Nos primeiros três meses de 2024, as imparidades ascenderam a 3,7 milhões de euros.
As comissões subiram no período em análise 2,1% para 201,4 milhões de euros, e a margem financeira em todas as geografias cresceram 3,6% para 721,1 milhões de euros, embora a margem financeira no negócio em Portugal tenha caído 3,9% para 325,8 milhões de euros. Neste último indicador o banco acompanhou a tendência do mercado, devido à queda dos juros cobrados no crédito nomeadamente no crédito à habitação a taxa mista ou variável indexada à Euribor.
O custo do risco situou-se em 38 pontos base o que compara com 52 pontos base no primeiro trimestre de 2024. Em Portugal o custo do risco situou-se nos 34 pontos base, por comparação com 48 pontos base em igual período de 2024.
No que diz respeito às comissões em Portugal verificou-se uma subida de 3,9% para 147,3 milhões de euros. Também na atividade em Portugal o banco registou um aumento de 4,3% nos recursos para 70,9 mil milhões de euros e no crédito concedido o crescimento foi de 1,3% para 38,9 mil milhões de euros.
Maya afirma ainda que relativamenteao crédito à habitação concedido ao abrigo da garantia do Estado, já foi alocado 20%do valor atribuído ao banco no montante de 185 milhões de euros, como já havia noticiado o Expresso,
E no que toca ao rácio de capital, este situou-se nos 20% , o que, segundo Miguel Maya, traduz "uma claríssima folga, acima do que são os requisitos regulamentares".
Polónia e Moçambique
O banco do BCP na Polónia registou um lucro de 42,8 milhões de euros, mais 39,6% face aos resultados do primeiro trimestre do ano passado, apesar dos encargos associados com a carteira de crédito hipotecários suíços de 130,8 milhões de euros (para provisões para riscos legais, acordos extrajudiciais e consultadoria legal).
Em Moçambique, nos primeiros três meses do ano, verificou-se uma descida de 84,23% nos resultados líquidos para 3,7 milhões de euros. Miguel Maya explica que se registou "uma redução com significado", embora esclareça que "a atividade corrente cresceu, mas devido à instabilidade política decorrente dos incidentes das eleições em Moçambique e à redução do rating por parte das agências, determinou por parte do banco a registar provisões de 18 milhões de euros".
Miguel Maya explica ainda que o banco em Moçambique é resiliente e que embora esteja a viver um período difícil, o BCP está há 30 anos no país e continuará a manter o seu negócio naquele país.
O presidente do banco sublinhou ainda a valorização da ação do BCP no período em análise que ascendeu a 78,2% acima da valorização do índice europeu.
Questionado sobre o que pensa do resultado eleitoral do último domingo, Miguel Maya não faz comentários, dizendo apenas que o país votou e escolheu.
Novo Banco não é tema
Miguel Maya, questionado sobre o interesse no Novo Banco e sobre se teme que outros bancos a operar no mercado, como o dono do BPI, o CaixaBank, possa comprar o ex-BES, afirma que o assunto não é tema.
E que, como em qualquer situação, o banco olhará sempre para eventuais vendas, embora no caso em apreço o que está anunciado é a dispersão de uma parte minoritária do capital em Bolsa. "Não tenho nenhuma opinião sobre o IPO do Novo Banco", diz, acrescentando: "Não estamos no campeonato da dimensão" e "não queremos desviar o chip da inovação para o chip da fusão".