A Caixa Geral de Depósitos (CGD) reportou um lucro consolidado de 392,5 milhões de euros no primeiro trimestre, o que representa uma ligeira quebra (0,5%) face aos 394,4 milhões obtidos no período homólogo. Esta redução reflete sobretudo a descida das taxas de juro.

O presidente executivo do banco, Paulo Macedo, já tinha antecipado o “pico do ciclo” já tinha sido atingido em 2024 e que os lucros recorrentes da banca seriam menores nos dois anos seguintes - 2025 e 2026 - devido à redução da margem financeira. Acrescentou ainda que não seria fácil compensar esse impacto.

Esse mesmo rácio, que resulta genericamente da diferença entre os juros que o banco paga aos clientes pelos seus depósitos e os juros que recebe pelos empréstimos, decresceu 11% nos primeiros três meses do ano, para 636,2 milhões de euros.

Ainda assim, o gestor da instituição financeira do Estado afirmou esta quinta-feira, durante a apresentação dos resultados trimestrais, que a “perspetiva continua a ser positiva” e que a CGD deverá ter um “resultado expressivo” este ano, “apesar de todas as ameaças e enquadramento internacional”.

No início deste ano, Paulo Macedo disse, em audição no Parlamento, que a Caixa “tem a obrigação de dar entre 800 milhões e 1300 milhões de euros [de lucro] em anos normais”. Assegurou que, não havendo alterações geopolíticas significativas em dez anos, “o banco dará lucro todos anos”.

Em 2024, a CGD alcançou um lucro anual histórico de 1735 milhões de euros, aumentando o resultado em 34% face ao ano anterior. Entregou ao Estado dividendos de 850 milhões, sendo que, por via da CGD, entraram ainda nos cofres públicos 840 milhões de euros em IRC e 44 milhões de custos regulatórios.

O CEO do banco adiantou que antevê um pagamento de IRC este ano de cerca de 700 milhões de euros. Só do primeiro trimestre, a CGD pagará um imposto [dessa natureza] de 176 milhões.

Banco em Moçambique penaliza as contas

Enquanto a atividade doméstica contribuiu com 358 milhões de euros para os lucros consolidados da CGD, refletindo uma melhoria em relação aos 344 milhões de março de 2024, as operações internacionais assistiram apenas com 34,5 milhões - menos 16,5 milhões em termos homólogos.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o banco do Estado justifica que o reforço de provisões e imparidades do BCI em Moçambique afetaram negativamente as contas internacionais, provocando uma quebra de 12,9 milhões no contributo do banco para o resultado líquido do grupo.

Crédito à habitação cresce, impulsionado pela garantia estatal

Os dados do balanço referentes à operação da Caixa em Portugal mostram que os depósitos e outros recursos de clientes cresceram 8% até março, por comparação ao mesmo mês do ano passado, para os 76,3 mil milhões de euros, com as famílias a representarem 79% do bolo.

Já a carteira de crédito nacional ascendeu aos 48,8 mil milhões de euros, com contributos de todos os segmentos, refletindo uma subida de 7% face aos €45,6 mil milhões homólogos. Sobre a qualidade dos ativos, o rácio de NPL consolidado (referente ao crédito malparado) fixava-se nos 1,44% em março.

No primeiro trimestre, a CGD registou um aumento de 61% na produção de crédito à habitação. “O crédito à habitação está a correr muito bem, estamos a conseguir financiar as casas de muitos portugueses, o que é um objetivo nacional e da Caixa”, afirmou o gestor, notando que, para isso, tem contribuído a descida das taxas de juro, o aumento da capacidade de endividamento das famílias, o desagravamento do IRS e o aumento dos salários.

Os empréstimos para jovens até 35 anos, em concreto, representou 50% das operações, “impulsionado pelas medidas estatais de isenção de impostos e garantias de financiamento”, que, disse Paulo Macedo, vieram permitir “o acesso a casa a algumas pessoas que não o teriam tão cedo”. “A garantia torna as coisas mais simples”, concretizou.

Desde que a medida entrou em vigor, em janeiro, o banco já recebeu 6800 pedidos de empréstimos, num total de 1280 milhões de euros. A Caixa diz que mais de 2800 operações foram contratadas, ou estão em fase final de contratação, até maio, num montante de 530 milhões de euros. Paulo Macedo revelou que 30% da quota da garantia já foi utilizada.

Finalmente, as comissões cobradas pela Caixa até março, em território nacional, renderam 116,9 milhões de euros, mais 4,7% do que no primeiro trimestre do ano passado. Um aumento que, segundo o banco, se deve ao aumento do volume de negócios, uma vez que optou por manter inalterados os precários em 2025, tal como fez em 2023 e 2024.

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