![Lone Star dá “indicação formal” ao Novo Banco para preparar entrada em Bolsa](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
A Lone Star deu indicações ao Novo Banco para que comece a trabalhar para ir para a Bolsa, segundo confirmou a instituição bancária esta quinta-feira em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
“O Novo Banco, SA informa que recebeu indicação formal da Nani Holdings S.à r.l, a qual foi comunicada igualmente aos restantes acionistas, Fundo de Resolução e o Estado Português, através da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, para iniciar um processo de oferta pública das ações do Banco (IPO)”, indica o comunicado.
A Nani Holdings é a sociedade através da qual a Lone Star controla 75% do banco, e é quem lidera o processo, que pode ser acompanhado pelos dois acionistas minoritários, daí que estes tenham sido informados.
Numa ida para a bolsa, o que acontece é a admissão das ações à negociação, o que permite que depois uma parte delas sejam dispersas pelo mercado. A hipótese que está a ser trabalhada é a colocação de entre 25% a 30% do capital do banco herdeiro do BES.
“O novobanco irá trabalhar em coordenação com os seus acionistas na implementação do IPO nos próximos meses”, indica o banco presidido por Mark Bourke. Não é indicado em que Bolsa o Novo Banco poderá vir a cotar, mas a gestão admitiu, quando se começou a falar desta hipótese tanto de poder estar em Lisboa como em Londres, mas não é esclarecido neste caso. Para Lisboa, a ida do Novo Banco é importante, tendo em conta que o BCP é o único banco em Portugal que tem o capital disperso.
Perde, assim, força a hipótese de o Novo Banco ser vendido a um concorrente direto, sendo que tinham-se levantado vozes contra essa hipótese nos últimos tempos: desde logo, o governador do Banco de Portugal tinha dito que o IPO era a opção preferida.
A Bloomberg tinha já noticiado na quarta-feira que o Novo Banco selecionou o Bank of America, o Deutsche Bank e o JP Morgan para preparar uma oferta pública inicial, num grupo que poderá vir a acrescentar outras entidades. O Deutsche Bank tinha sido já contratado também para trabalhar na possibilidade de venda direta a um investidor.
O Novo Banco foi criado a 3 de agosto de 2024 através dos destroços do BES, com uma capitalização de 4,9 mil milhões de euros do seu acionista, o Fundo de Resolução. A Comissão Europeia impôs a redução da sua estrutura e a sua venda futura que veio a acontecer em 2017, com a passagem de 75% do seu capital para o fundo americano Lone Star, mantendo o Fundo 25%. Nessa altura, foi acordada uma garantia que permita injeções de até 3,89 mil milhões de euros pelo Fundo de Resolução para proteger o banco de perdas com ativos tóxicos.
Banco liberto de amarras
A Lone Star é um fundo americano de private equity, tipo de investidor cujas aplicações visam entrar no capital de entidades em dificuldades, reestruturá-los e depois alienar. Ou seja, desde a sua entrada que se sabe que a sua saída é a principal hipótese – que ganhou força agora que o banco tem lucros sucessivos e foi fechado antecipadamente o mecanismo de garantia de proteção face aos ativos tóxicos - foram utilizados 3,4 mil milhões, mais de 85% do máximo possível.
Com o fim desse mecanismo, o Novo Banco deixou de ter uma proibição de distribuição de dividendos, o que tornava muito mais difícil a captação de novos acionistas.
Na ida para a Bolsa, o banco já pode oferecer dividendos (ainda que, antes disso, conte libertar o excesso de capital acumulado nos últimos anos com a entrega de cerca de 1,2 mil milhões de euros pelos atuais acionistas – Lone Star, com 75%, Fundo de Resolução, com 14%, e a Direção-Geral do Tesouro e Finanças, com 11%, adquiridos por via de um regime fiscal de que o Novo Banco beneficiou).