A classificação de Hong Kong em termos de liberdade de imprensa caiu a pique desde que Pequim reprimiu a dissidência na sequência de grandes - e por vezes violentos - protestos pró-democracia em 2019.

As autoridades fiscais de Hong Kong alegaram que um grupo de meios de comunicação social 'online', jornalistas e alguns familiares não declararam integralmente os rendimentos entre 2017 a 2019.

Como resultado, foram emitidos pedidos retroativos de pagamento, indicou na quarta-feira a Associação de Jornalistas de Hong Kong (HKJA, na sigla em inglês).

Selina Cheng, presidente do grupo e ex-jornalista da publicação norte-americana Wall Street Journal, disse que a associação, ela própria e os pais também foram afetados.

Entre os meios de comunicação social visados estão o Hong Kong Free Press, o Inmedia e o The Witness, um portal de notícias na Internet dedicado à cobertura de processos judiciais, bem como dois outros.

De acordo com a imprensa local, o departamento fiscal de Hong Kong (Inland Revenue Department, IRD) garantiu que seguiu os procedimentos legais e que as ações não visam setores específicos.

O IRD acrescentou que não faz comentários sobre "casos individuais".

Mais de 90% dos jornalistas consideram que a liberdade de imprensa de Hong Kong foi prejudicada de forma considerável pela lei de segurança nacional, aprovada pelo parlamento local em março de 2024, que pune crimes como espionagem e interferência estrangeira, de acordo com o inquérito anual da HKJA, publicado em 2024.

Esta é a segunda lei deste tipo promulgada para a região vizinha de Macau, depois de uma outra, imposta diretamente por Pequim, em 2020, na sequência dos protestos pró-democracia.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês afirmou que as leis de segurança de Hong Kong "visam um número muito reduzido de indivíduos que põem seriamente em perigo a segurança nacional, e não jornalistas cumpridores da lei".

CAD // VQ

Lusa/Fim