A China opôs-se hoje à politização de questões que envolvem tecnologia, depois de o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, ter alertado contra a utilização da inteligência artificial por "regimes autoritários", numa referência velada a Pequim.

"Opomo-nos às práticas de categorização baseadas na ideologia, à generalização do conceito de segurança nacional e à politização das questões económicas, comerciais e tecnológicas", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Guo Jiakun, em resposta a uma questão sobre os comentários de JD Vance, na terça-feira, durante a cimeira da IA, em Paris.

Guo acrescentou que a China "defende a tecnologia de IA de fonte aberta, promove a acessibilidade dos serviços de IA e atribui importância à segurança" desta nova tecnologia.

Numa referência velada a Pequim, JD Vance alertou os Estados que podem ser tentados a entrar em parcerias com "regimes autoritários" que "nunca são benéficas a longo prazo", referindo-se às exportações "fortemente subsidiadas" da China da sua tecnologia de quinta geração (5G).

"Estabelecer parcerias com esses regimes é como acorrentar a nossa nação a um mestre autoritário que procura infiltrar-se, instalar e assumir o controlo da nossa infraestrutura de informação", afirmou.

A cimeira de Paris sobre inteligência artificial reuniu líderes políticos e chefes de grandes empresas tecnológicas de todo o mundo, entre segunda e terça-feira.

Cinquenta e oito países, incluindo a China, França e Índia (os dois coorganizadores do evento) assinaram uma declaração conjunta, a favor de uma IA "aberta" e "ética", que não foi rubricada pelos Estados Unidos, que dominam este setor cada vez mais vital.