O UniCredit anunciou nesta sexta-feira que obteve a luz verde do governo italiano para seguir em frente com a sua oferta sobre o rival, Banco BPM. Esta aprovação vem, contudo, acrescida de condicionantes, segundo informa o segundo maior banco de Itália, e que este pretende analisar o seu possível impacto na empresa, bem como nos seus acionistas.

De acordo com fontes citadas pela Agência Reuters, uma das condições impostas ao UniCredit é que este acelere a sua saída da Rússia, algo que o Banco Central Europeu também tem vindo a exigir ao banco liderado por Andrea Orcel. O UniCredit está entre alguns bancos europeus que ainda não abandonou a Rússia após o início da guerra e Orcel já afirmou que se recusa a prejudicar os acionistas ao deixar o negócio por um preço que não seja justo. No entanto, o banco já reduziu a sua exposição ao mercado russo para ficar em linha com as exigências do regulador europeu.

Outras condições em cima da mesa, segundo uma outra fonte da agência de notícias, prendem-se com a manutenção de agências do banco pelo país, de forma a assegurar serviços e, indiretamente, preservar empregos caso a fusão seja concretizada.

Esta decisão do governo surge na sequência dos chamados ‘golden powers’ do executivo, que pode decidir vetar ou condicionar certos negócios que envolvam áreas preponderantes, como é o caso da banca. Poderes estes que estão atualmente sob escrutínio da própria Comissão Europeia, de acordo com a Reuters.

Recorde-se que a Oferta Pública de Aquisição (OPA) do UniCredit sobre o BPM surgiu em novembro passado, pouco tempo depois do banco sediado em Milão ter feito uma oferta sobre a gestora de fundos Anima Holding. Oferta esta que foi bem-sucedida, tendo o BPM conseguido assegurar quase 90% do capital da empresa, no total.

Esta operação, por outro lado, serve como botão de emergência para o UniCredit, caso queira abandonar o negócio. A OPA sobre o BPM inicia oficialmente a 28 de abril e vai até 23 de junho, sendo que o proponente tem até 30 desse mês para decidir sobre a continuidade ou não do processo. A aquisição da Anima é, de acordo com a legislação, uma razão válida para Orcel virar costas e não querer prosseguir com o negócio.

O banqueiro italiano já referiu várias vezes que não está disposto a tudo para fazer negócios, especialmente se isso prejudicar o retorno dos acionistas. Sobre a aquisição da Anima pelo BPM, Orcel argumentou que essa operação reforçava o baixo prémio oferecido sobre o banco – cerca de 14 mil milhões de euros.