
O Boletim Económico do Banco Central Europeu (BCE), publicado nesta sexta-feira, mostra que no primeiro trimestre do ano a economia da zona euro cresceu 0,3%, acima das expectativas, o que traduz um maior dinamismo das exportações em antecipação à aplicação de novas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos.
O BCE prevê um crescimento real médio do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,9% em 2025, 1,1% em 2026 e 1,3% em 2027. A projeção de crescimento não revista para 2025 reflete um primeiro trimestre mais forte do que o esperado, combinado com perspetivas mais fracas para o resto do ano.
Estas projeções partem do pressuposto de que as tarifas dos Estados Unidos sobre os produtos da UE, que aumentaram para 10%, permanecerão em vigor ao longo de todo o horizonte até 2027. Juntamente com a elevada incerteza em termos de política comercial e a recente apreciação do euro, as tarifas mais elevadas pesarão sobre as exportações e, em menor grau, sobre o consumo dos europeus.
Em contrapartida, as novas despesas públicas em infraestruturas e defesa, principalmente na Alemanha, deverão impulsionar a procura interna da área do euro a partir de 2026. De um modo geral, permanecem reunidas as condições para o fortalecimento do crescimento da riqueza da área do euro ao longo do horizonte de projeção.
A inflação deverá fixar-se em torno dos 2%, com o crescimento dos salários a ser ainda elevado, mas com uma tendência para o abrandamento. O indicador de evolução salarial do BCE aponta para um novo abrandamento do crescimento dos salários negociados em 2025, e para uma descida do crescimento salarial para menos de 3% em 2026 e 2027.
Segundo aquele documento, os riscos para o crescimento económico continuam a ser elevados. Uma nova escalada das tensões comerciais a nível mundial e das incertezas que lhe estão associadas poderá reduzir o crescimento da área do euro, travar as exportações e reduzir o investimento e o consumo.
A instituição liderada por Christine Lagarde refere ainda que “uma deterioração do sentimento dos mercados financeiros poderá conduzir a condições de financiamento mais restritivas e a uma maior aversão ao risco, tornando as empresas e as famílias menos dispostas a investir e a consumir”.
As tensões geopolíticas continuam a ser uma importante fonte de incerteza, e o BCE considera que se “essas tensões fossem resolvidas rapidamente”, isso levaria a um novo estímulo da atividade económica, que seria impulsionada pelo aumento das despesas com a Defesa e com Infraestruturas.
O BCE prevê ainda que o crescimento do comércio mundial diminua significativamente nos próximos dois anos. O indicador mensal do comércio mundial desenvolvido pelos especialistas do BCE sugere que “as importações mundiais começaram a abrandar consideravelmente a partir de abril. Esta leitura foi baseada na redução das importações de matérias-primas pela China e na descida dos preços das ações de empresas envolvidas no comércio mundial de mercadorias, incluindo empresas de transporte marítimo”.