No dia em que se assinala o Dia Mundial do Ambiente é uma boa oportunidade para reafirmar o compromisso do sector do retalho e distribuição com a sustentabilidade do planeta. Não é mera proclamação, mas o corolário lógico de uma jornada iniciada para descarbonização das suas atividades.

As alterações climáticas afirmam-se, cada vez mais, como o grande desafio dos nossos tempos. Segundo o Fórum Económico Mundial, os riscos ambientais representam a principal ameaça que o mundo enfrenta a longo prazo, com eventos climáticos extremos, perda de biodiversidade, colapso dos ecossistemas, mudanças críticas nos sistemas terrestres e escassez de recursos naturais a liderarem as projeções para a próxima década (Global Risks Report 2025, Fórum Económico Mundial).

Reverter este cenário tornou-se urgente, constituindo um desígnio coletivo e transversal a todas as esferas da sociedade. O retalho e a distribuição são indiretamente responsáveis por uma quantidade significativa de emissões, uma vez que cerca de 95% das emissões destas empresas estão associadas à sua cadeia de valor, tanto a montante como a jusante. Por este motivo, e dada a relevância económica e social que representam, as empresas do setor assumem a sua responsabilidade neste domínio. Este é o princípio que tem orientado o percurso do setor, consciente da responsabilidade que tem na adoção de boas práticas e da sua influência junto dos consumidores.

Por isso, o compromisso com a sustentabilidade está presente há muito tempo nas empresas do sector, associadas da APED (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição). Perante um quadro regulamentar cada vez mais exigente – sobretudo no que respeita aos prazos de implementação –, importa estar um passo à frente. A APED tem assumido a liderança deste processo, que se concretiza no Roteiro para a Descarbonização, um projeto que nasceu de um objetivo ambicioso: contribuir para a descarbonização das operações do retalho e da distribuição até 2040.

O propósito é mobilizar os associados da APED a assumirem um compromisso comum. Reconhecendo que este é um processo desafiante e desenvolvido a diferentes velocidades, o Roteiro pretende afirmar-se como uma referência para as empresas signatárias – independentemente da sua dimensão – no que diz respeito às recomendações e prioridades de atuação para a descarbonização, assegurando uma transição justa e em sinergia com empresas, consumidores, colaboradores, fornecedores, Governo e demais parceiros.

Diariamente, os associados da APED procuram tornar as suas operações mais eficientes, através de práticas que promovam a poupança energética e a redução da pegada de carbono, bem como no desenvolvimento de soluções que incentivam escolhas informadas e conscientes por parte dos consumidores.

São várias as iniciativas já desenvolvidas pelos vários signatários no âmbito dos três eixos do Roteiro para a Descarbonização – Colaborar, Adaptar e Transitar – e que passam pela capacitação de colaboradores, pela adaptação de infraestruturas e pela adoção de soluções de baixo carbono.

Entre os exemplos, destacam-se a constituição de equipas para a gestão de consumos de água e energia em loja, com o objetivo de promover a racionalização de recursos e sensibilizar os colaboradores; os investimentos em energia renovável para alimentar as operações, nomeadamente através da instalação de centrais fotovoltaicas para autoconsumo e da aquisição de eletricidade com Garantias de Origem (GO); a substituição progressiva de viaturas a combustão por modelos elétricos; e a disponibilização de uma rede alargada de postos de carregamento para o público.

Estes são apenas alguns dos exemplos que demonstram o compromisso das empresas em cumprir os objetivos a que se propuseram aquando da adesão ao Roteiro. Apenas poderemos ser um exemplo na mitigação climática se trabalharmos em conjunto. Por isso, a criação de sinergias e o trabalho colaborativo são fundamentais para alcançar objetivos e metas, acelerando o processo de descarbonização, tanto a nível individual como setorial.

A colaboração e a partilha de boas práticas entre as empresas e os seus pares contribuem para a sustentabilidade do sector e para a mitigação das alterações climáticas. É sob esta ambição de ação coletiva que, até 2040, trabalharemos para atingir a descarbonização das atividades do setor. Não há, como dizia, nada aqui de proclamatório, mas, sim, de pleno compromisso e execução.