
O endividamento dos particulares aumentou 1,2 mil milhões de euros num mês, principalmente devido ao crédito à habitação, à semelhança do que tem sucedido nos meses anteriores, revelou o Banco de Portugal esta quarta-feira, aquando da divulgação das estatísticas do endividamento do setor não financeiro relativas a maio. Em termos homólogos, regista-se uma subida de 6,1%, o que representa a maior taxa de variação anual desde o início da série estatística, em dezembro de 2008. Isto significa que há 17 anos que não se verificava um aumento tão acentuado, de um ano para o outro, no endividamento dos particulares.
Desde novembro de 2023, o endividamento das famílias tem vindo a registar um aumento sustentado. Esta tendência coincide com as sucessivas descidas das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu (BCE), com reflexo direto na taxa Euribor que, em maio de 2025, para o prazo de três meses, se fixou em 1,996% — o valor mais baixo desde dezembro de 2022 —, enquanto as taxas a seis e a 12 meses se mantiveram ligeiramente acima dos 2%.
Com o crédito mais acessível e critérios menos restritivos por parte das instituições financeiras na concessão de financiamento, estão reunidas as condições para o aumento do endividamento dos particulares. Para já, esse aumento ainda não se reflete numa subida do crédito malparado (NPL — Non-Performing Loans).
Ainda segundo os dados do Banco de Portugal, no final de maio, os particulares deviam à banca mais de 164,3 mil milhões de euros.
Já o endividamento do setor público aumentou 4,4 mil milhões de euros. Esta variação ocorreu sobretudo junto do exterior (+3,4 mil milhões de euros), através da aquisição, por não residentes, de títulos de dívida pública portuguesa de longo prazo. Verificou-se também um aumento do endividamento do setor público face às administrações públicas (+0,4 mil milhões de euros), aos particulares (+0,3 mil milhões de euros), sobretudo através da subscrição de certificados de aforro, e às empresas não financeiras (+0,3 mil milhões de euros).