Com a aquisição do banco britânico TSB, o Banco Santander passa a deter uma maior carteira de crédito no Reino Unido do que em Espanha, consolidando o mercado britânico como o principal centro de concessão de empréstimos do grupo.

De acordo com a agência de notação Scope Ratings, os ativos da operação britânica do Santander, incluindo o TSB, atingem cerca de 300 mil milhões de libras (cerca de 351 mil milhões de euros), ultrapassando os 254 mil milhões de euros registados em Espanha no primeiro trimestre de 2025. Assim, segundo a análise, o Reino Unido representará cerca de 26% da carteira de crédito global do grupo, enquanto Espanha ficará com uma quota de 23%.

A aquisição do TSB ao Banco Sabadell, anunciada no início de julho, reforça a presença estratégica do Santander num mercado maduro e regulado como o britânico, ao mesmo tempo que permite uma redução da exposição a geografias emergentes, como o Brasil e o México, reforça a agência. Estes países continuarão a ser importantes para os resultados do grupo, mas perderão peso relativo na estrutura de concessão de crédito.

A Scope Ratings salienta que, apesar do impacto limitado no grupo como um todo, a operação representa um aumento de cerca de 20% na dimensão da filial britânica, permitindo sinergias significativas e ganhos de escala.

A instituição prevê poupanças de custos anuais na ordem dos 400 milhões de libras (468 milhões de euros), cerca de 13% dos custos combinados do Santander UK e do TSB.

A rentabilidade também deverá melhorar. O Santander projeta aumentar o retorno sobre capitais próprios (RoE) do seu negócio no Reino Unido dos atuais 10–12% para cerca de 16% até 2028.

Para a Scope Ratings, a operação insere-se na lógica de reforçar geografias onde o Santander já possui massa crítica. Com esta aquisição, o grupo reforça a sua posição como um dos principais bancos no mercado britânico.

Sabadell torna-se banco exclusivamente espanhol

Com a venda da sua filial britânica TSB ao Santander, o Banco Sabadell abandona oficialmente a sua estratégia de diversificação internacional, passando a focar-se exclusivamente no mercado espanhol. Esta decisão transforma o banco num ‘player’ nacional, o que, segundo a Scope Ratings, representa um ponto de viragem estratégico com implicações significativas.

A venda reduz a diversificação macroeconómica do Sabadell e expõe o banco inteiramente à economia espanhola.

A Scope Ratings destaca que a operação terá um impacto financeiro neutro para o banco, mas implicará maior pressão para acelerar o crescimento orgânico em Espanha.

A venda do TSB obriga a BBVA a rever a sua oferta de compra pelo Sabadell, uma vez que este passa a ser um banco exclusivamente espanhol, sublinha a agência. Com a aprovação do governo espanhol a condicionar a fusão, o BBVA terá de recalcular o valor do negócio e as sinergias esperadas, agora limitadas a Espanha. Os acionistas do Sabadell enfrentam a escolha entre receber um dividendo extraordinário resultante da venda do TSB ou esperar por uma eventual proposta revista do BBVA com maior potencial de valorização a longo prazo.