
A relação comercial entre os Estados Unidos e Angola registou um crescimento expressivo em 2024, impulsionada principalmente pelas exportações de petróleo, mas os primeiros meses deste ano indicam uma inversão desta tendência.
De acordo com dados do portal económico Trading Economics e do Gabinete do Representante Comercial dos EUA, em 2023 os Estados Unidos importaram de Angola bens no valor de cerca de 1.160 milhões de dólares, enquanto as exportações norte-americanas para o mercado angolano totalizaram perto de 599 milhões de dólares.
No total, as trocas comerciais atingiram nesse ano cerca de 1.759 milhões de dólares. Em 2024, o comércio entre os dois países voltou a acelerar, com os Estados Unidos a importarem 1.910 milhões de dólares de Angola – sobretudo petróleo, o que representa um aumento de quase 65%.
Angola comprou aos EUA mercadorias no valor de cerca de 682 milhões de dólares, ou seja mais 14%, elevando o volume de trocas para perto de 2.592 milhões de dólares.
Depois desta evolução favorável no ano passado, os dados do início de 2025 revelam uma quebra significativa, isto num momento em que Luanda acolhe, com início Domingo, a 17.ª edição da Cimeira Empresarial EUA-África, o mais importante fórum de negócios entre os Estados Unidos e o continente africano.
Entre Janeiro e Abril, os Estados Unidos importaram produtos angolanos no valor de cerca de 197 milhões de dólares, e em Abril as importações não ultrapassaram 25,5 milhões de dólares, valor que representa uma redução de 88% face ao mesmo mês do ano passado.
Já Angola importou neste período 482 milhões de dólares de produtos norte-americanos (443 milhões de euros).
Segundo o Observatório da Complexidade Económica (OEC), o petróleo manteve-se como principal produto de exportação de Angola para os Estados Unidos, representando 13,7 milhões de dólares do total exportado em Abril deste ano, enquanto os diamantes somaram 10,3 milhões de dólares.
Do lado norte-americano, as exportações para Angola foram peças de aeronaves no valor de 39,5 milhões de dólares, carne de aves (9,33 milhões de dólares ou 8,6 milhões de euros) e produtos petrolíferos refinados (4,73 milhões de dólares, cerca de 4,3 milhões de euros).
Angola beneficia do programa African Growth and Opportunity Act (AGOA) que garante isenção de tarifas para mais de 6.000 produtos, mas em Abril o Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou um aumento de tarifas para praticamente todos os parceiros comerciais dos EUA.
No entanto, a medida não deverá afetar diretamente Angola, pois mais de 90% das exportações angolanas para os Estados Unidos continuem a ser constituídas por petróleo, que ficou isento de tarifas adicionais.
Luanda recebe, de 22 a 25 de Junho, a 17.ª edição da Cimeira Empresarial EUA-África, com mais de 1.500 participantes esperados — incluindo Chefes de Estado, primeiros-ministros, ministros africanos, altos responsáveis do Governo norte-americano e líderes empresariais dos dois continentes — neste evento coorganizado pelo Corporate Council on Africa (CCA) e o Governo da República de Angola.
Os participantes, diz a Lusa, vão abordar o desenvolvimento do comércio, investimento e parcerias económicas em sectores como energia, infra-estruturas, saúde, tecnologias digitais, agronegócio, indústrias criativas e minerais críticos.