O presidente executivo (CEO) do Novo Banco disse nesta quinta-feira que não espera qualquer impacto da crise política em Portugal no processo de venda do banco, detido maioritariamente pelo Fundo Lone Star e em que o Estado português detém 25%.

Na conferência com analistas a que os jornalistas puderam assistir (o banco não faz conferências de imprensa), Mark Bourke disse que seja PS ou PSD no Governo ambos praticam “políticas que são muito conservadoras em termos orçamentais e sólidas em termos económicos” pelo que espera que qualquer conversa sobre a venda do Novo Banco, seja ida para a bolsa ou venda direta, aconteça “sem entraves”. “Esperamos que essencialmente assim continue”, disse aos analistas Mark Bourke, o gestor irlandês desde 2022 à frente do Novo Banco, a propósito da crise política e eventuais eleições legislativas antecipadas.

O Novo Banco divulgou nesta quinta-feira que teve lucros de 744,6 milhões de euros em 2024, apenas mais 0,2% face a 2023. Apesar de os lucros só terem aumentado 1,5 milhões de euros, os resultados líquidos de 2024 são os maiores de sempre do banco criado em 2014 para ficar com parte da atividade do BES.

Na informação à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o Novo Banco anunciou ainda que será proposto à assembleia-geral de acionistas o pagamento de um dividendo de 224,6 milhões de euros. No documento com a atualização estratégica divulgado ao mercado, o banco diz que tem “3,3 mil milhões de euros de capital disponível para distribuir nos próximos três anos”.

Na conversa com os analistas, Bourke explicou que – além dos 224,6 milhões de euros a pagar este ano – o banco pretende pagar um dividendo especial de 1,1 mil milhões de euros assim que tenha autorização do Banco Central Europeu (BCE) para reduzir de capital, a que se somam mais 2,2 mil milhões de euros previstos pagar nos próximos três anos (condicionados a rentabilidade e rácios de capital).

O Novo Banco foi criado em 2014 para ficar com parte da atividade bancária do Banco Espírito Santo (BES), na resolução deste.

O banco é detido em 75% pelo fundo de investimento norte-americano Lone Star, sendo os restantes 25% do Estado português (direta e indiretamente). É público que o Lone Star quer vender já parte do Novo Banco, sendo público o objetivo dispersar capital em bolsa (25% a 30%). Contudo, uma venda direta também não está descartada. Em qualquer caso, a Lone Star precisa de compromissos do Estado português, já que este detém 25% do Novo Banco e pode também alienar parte da sua posição.

Agência Lusa

Editado por Jornal PT50