A economia portuguesa vai crescer 2,3% em 2025, de acordo com o Boletim Económico do Banco de Portugal (BdP), divulgado nesta quinta-feira. O banco central aponta ainda para um abrandamento da economia em 2026 e 2027, anos para os quais prevê aumentos de 2,1% e 1,7%, respetivamente. Entre os novos fatores a ter em conta para o futuro económico do país destacam-se as tarifas impostas pela administração de Donald Trump nos EUA.

“A materialização destes riscos pode conduzir a subidas de preços das matérias-primas, disrupções nas cadeias de abastecimento, menor crescimento do comércio mundial e variações cambiais marcadas, com impacto desestabilizador sobre a atividade”, nota a instituição liderada por Mário Centeno. Apesar deste fator de risco, ao qual se juntam os conflitos no médio oriente e na Ucrânia, o BdP salienta que o crescimento apontado continua acima da média da Zona Euro.

No que toca a incertezas políticas, o Governador do BdP admitiu que a incerteza torna a situação “mais complexa”. No entanto, a economia portuguesa “tem tido condições de resiliência que são positivas”, reforça Centeno, citado pela Agência Lusa. O líder do banco central lembrou que “os agentes económicos adoram previsibilidade, estabilidade, capacidade de projetar o futuro, por isso a variável que mais sofre com a incerteza é o investimento”.

O BdP, no último boletim lançado em dezembro, apontava para um crescimento ligeiramente menor em 2025, de 2,2%, o qual se repetia em 2026 – agora revisto com menos 0,1 pontos percentuais. A previsão para 2027 não teve alterações e o seu valor mais reduzido “justifica-se com o fim do Plano de Recuperação e Resiliência”.

De acordo com o regulador, o “investimento acelera em 2025-26, impulsionado pela melhoria das condições de financiamento, da procura e do fluxo de fundos europeus”.

No que toca à inflação, o BdP faz uma revisão em alta da previsão para 2025, contando agora com uma inflação de 2,3% este ano, face aos 2,1% previstos em dezembro. Ao longo do ano, está prevista uma variação trimestral na inflação que vai dos 1,9% aos 2,6%. Para 2026 e 2027, o regulador espera uma estabilização da subida de preços nos 2%, tal como em dezembro.

Para o emprego, não houve qualquer alteração, com a taxa de desemprego prevista a manter-se nos 6,4% ao longo dos próximos anos.

Ainda para 2025, o banco central estima um menor consumo privado face ao final de 2024. A justificação da instituição prende-se com a atualização das tabelas de retenção na fonte, introduzida pelo Governo, que teve efeitos retroativos e resultou numa “aceleração significativa do rendimento disponível no quarto trimestre”. Para este primeiro trimestre, o banco prevê que “o rendimento disponível nominal deverá reduzir-se em 1,2%”. Para o segundo trimestre, o consumo privado deve ser condicionado, por outro lado, pelo impacto dos menores reembolsos de IRS. Assim, “estima-se que a taxa de variação em cadeia do PIB seja de 0,2% no trimestre inicial de 2025 e que recupere para 0,4% no segundo trimestre e para 0,5% nos trimestres seguintes”, conclui.