O Banco Central Europeu (BCE) deve decidir nesta quinta-feira um novo corte de 25 pontos base nas taxas de juro, num contexto ainda marcado pelas tensões comerciais e por previsões de um crescimento económico débil na zona euro.

“Esperamos que o BCE reduza as taxas de juro em 25 pontos base na sua reunião de 05 de junho, o seu oitavo corte neste ciclo, levando a taxa dos depósitos para os 2,0%”, diz o diretor de Investimento de Mercados Públicos da Allianz Global Investors (Allianz GI), Michael Krautzberger, numa nota de análise.

Segundo o analista, “ainda que os receios de uma guerra comercial global tenham diminuído” desde a última reunião do banco central, em abril, “as tensões comerciais mantêm-se”.

Por outro lado, os dados disponíveis para a zona euro “continuam a apontar para uma atividade económica débil e pressões inflacionistas moderadas na região”: “Acreditamos que o BCE manterá a cautela perante os riscos de baixa no crescimento no seu comunicado de política monetária de junho”, sustenta.

Também o economista sénior da Generali Investments Martin Wolburg entende que “os riscos da guerra comercial justificam uma nova flexibilização” por parte do banco central, antecipando um novo corte de 25 pontos base, mas notando que “a margem para novos cortes nas taxas está a diminuir”.

“Nos 2,25%, a taxa de juro já atingiu o limite superior do corredor neutro de 1,75% a 2,25% calculado pela equipa do BCE. Embora em território neutro, a margem para novos cortes nas taxas está a diminuir. No entanto, ainda não vemos o fim do ciclo de cortes”, lê-se numa nota divulgada hoje.

Embora continue a apontar para um futuro novo corte das taxas para os 1,75%, Martin Wolburg prevê que a presidente do BCE, Christine Lagarde, “deverá enfatizar a dependência face aos dados e deixar deliberadamente em aberto o momento do corte final”.

Na mesma linha, os analistas da Ebury afirmam que um corte de 25 pontos base “está totalmente precificado pelos mercados”, pelo que não deverá ter impacto sobre a taxa de câmbio do euro.

Para o responsável de Estratégia de Mercado e o analista de mercado sénior da Ebury, Mattew Ryan e Roman Ziruk, o foco dos mercados está em “analisar o tom das comunicações” do BCE, particularmente a conferência de imprensa da presidente Lagarde, “em busca de pistas sobre o ritmo e a extensão de uma futura flexibilização da política monetária”.

Contudo, antecipam que, como já vem sendo habitual, Christine Lagarde “manterá as suas cartas na manga”, com o banco central a aguardar os próximos dados e desenvolvimentos comerciais antes de decidir o próximo passo.

Agência Lusa

Editado por Jornal PT50