
Três vezes por ano – em fevereiro, junho e outubro – a equipa de Investigação Económica da Coface conduz uma análise global, cruzando os dados macroeconómicos mais recentes com indicadores financeiros, leitura setorial e experiência de mercado no terreno. O resultado é uma matriz que serve de referência a empresas, investidores, seguradoras, entidades reguladoras e decisores políticos em todo o mundo.
A Coface lançou a edição de junho 2025 do seu relatório internacional Risk Review, uma análise da evolução do risco económico em 160 países e 13 setores de atividade, organizada por sete grandes regiões do mundo.
Sob o título “The Big Leap Backward?”, o relatório levanta questões sérias sobre a capacidade das economias globais em manter o rumo da recuperação, perante um ambiente de fragilidade crescente.
A edição agora publicada assinala “recuos inesperados nos indicadores de risco, refletindo o impacto de políticas restritivas, tensões geopolíticas persistentes, desindustrialização acelerada e fragilidades estruturais que voltaram a expor as economias à volatilidade”, na análise destes consultores.
Mais concretamente, a edição de junho de 2025 apresenta múltiplas revisões negativas nas avaliações de risco setorial, com destaque para a construção, metalurgia, tecnologias de informação, transportes e retalho – setores que enfrentam uma combinação de subida de custos, quebra da procura interna e reconfiguração de cadeias de valor.
A par disso, vários países registam deterioração nos seus ratings de risco país, sobretudo em África, Médio Oriente e América Latina, refletindo instabilidade política, dependência externa e fraca capacidade de resposta a choques externos.
Um dos alertas mais significativos do relatório diz respeito à crescente disparidade entre regiões, com a economia norte-americana a manter um desempenho mais robusto do que a Europa Ocidental, mas também com sinais de fragilidade nos níveis de crédito interempresas e nos equilíbrios fiscais. Em sentido oposto, o crescimento dos BRICS permanece desigual, com a China a enfrentar dificuldades estruturais que ameaçam o seu papel estabilizador na região asiática.
O Risk Review – Junho 2025 apresenta também “uma leitura crítica sobre o efeito da desindustrialização nas economias avançadas, o regresso das políticas públicas como forças de orientação económica, e o aumento da dependência dos seguros de crédito e mecanismos de proteção comercial, num mundo em que o risco já não é exceção — é a nova norma”.
Relatório disponível aqui.