Um a um, bola ao centro, que a decisão sobre o vencedor da Volta a Espanha deverá estar para durar. Depois de João Almeida ter vencido, ao sprint, o duelo com Jonas Vingegaard no dia anterior, no topo do Angliru, o camisola vermelha desforrou-se do rival português, superando-o na conquista do segundo lugar no Alto de la Farrapona, a meta da 14. ª etapa, ganha pelo companheiro de equipa do português, Marc Soler, isolado (39 segundos), depois de se impor a partir da fuga.

Devido a ter bonificado mais dois segundos (atribuída ao segundo classificado na etapa: 6 s) do que João Almeida (4), o dinamarquês aumentou para 48 a vantagem sobre o corredor luso na geral. Este último, por sua vez, voltou a reforçar o avanço para o derradeiro ocupante do pódio, o britânico Tom Pidcock (Q36.5), agora de 1.50 minutos. 

A equipa UAE Emirates, à imagem da véspera na etapa do Angliru, voltou a estabelecer uma estratégia para interesse de João Almeida, colocada em prática a partir da subida de primeira categoria, Puerto de San Lorenzo, a pouco menos de 50 quilómetros da meta, acelerando o ritmo no pelotão. Objetivo: desgastar os adversários, e em especial os principais gregários de montanha de Jonas Vingegaard, incluindo o dinamarquês, tendo em vista um ataque do português na ascensão final.

O andamento imposto, primeiro por Ivo Oliveira, depois por Juan Ayuso, restringiram o pelotão a um grupo de elite, e no cume de San Lorenzo colocavam no radar mais dois elementos da equipa que integravam o grupo de fugitivos, Mikkel Bjerg e Marc Soler, para posterior reforço da ajuda a Almeida.

Enquanto o espanhol se isolava na frente da corrida, na zona de vale e parte inicial da longa subida para a meta a Red Bull passou a revezar-se com a UAE na liderança do grupo da classificação geral, em função do seu líder Jai Hindley (4.º lugar, a 3 minutos da camisola vermelha).

Desde o início da La Farrapona, foram os emirates Felix Grosschatner e Jay Vine a comandarem o grupo dos candidatos, seguidos por João Almeida, e na roda do corredor luso Jonas Vingegaard e os seus co-equipiers para as alturas, Sepp Kuss e Matteo Jorgenson. Atrás, afilados, não mais de vinte unidades, e a diminuir.

De qualquer modo, a Emirates entrou num impasse, para determinar a vantagem de Soler seria suficiente para o espanhol vencer a etapa, ou, se não, continuar a forçar o ritmo para que aquele ainda pudesse ser ajuda ao colega português, mais tarde na subida.

No começo da fase mais dura da subida, a seis quilómetros da meta, Soler mantinha mais de 2.30 minutos de avanço sobre o grupo principal, o quanto baste para o triunfo do espanhol, e a partir de então a UAE voltou a carregar nos pedais atrás, pelo último elemento de trabalho, Grosschatner. Esse aumento de velocidade provocou a cedência de Jorgenson, restando apenas Kuss e Ben Tullet com Vingegaard.

Afigurava-se o ataque de João Almeida, mas eis que a Red Bull regressou à liderança do grupo, com Giulio Pellizzari a puxar forte para Hindley, vencedor do Giro em 2022. À entrada do derradeiro quilómetro, Hindley acelera, com resposta somente de Almeida e Vingegaard.

Nos últimos metros, o português e o dinamarquês destacaram-se do australiano, mas o nórdico, ao contrário do sprint no Angliru, foi mais forte e bonificou mais dois segundos do que Almeida.

Domingo corre-se a 15.ª etapa, entre A Veiga e Monforte de Lemos, num percurso de 167,8 km com uma primeira metade muito montanhosa e a fase final mais suave, e que antecede o segundo dia de descanso.