Carlos Vicens deixou a equipa técnica de Pep Guardiola para assumir o comando do Sp. Braga e, ao fim de três semanas de trabalho, garante não ter qualquer arrependimento. E até aproveitou para explicar como decidiu aceitar esta experiência. 

"As pessoas, para tomar decisões, devem guiar-se muito pelo que diz o seu estômago. Quando chegou a chamada e a oportunidade, senti algo e por isso decidi dar este passo. Não acho que tenha que olhar para trás quando se toma uma decisão, temos que olhar para frente. Obviamente, o meu nível de motivação, ilusão, ambição para fazer um grande trabalho aqui em Braga não faz mais do que aumentar. Estou focado no meu dia a dia para ajudar o clube, a equipa e os meninos a consegui-lo", frisou o espanhol, em declarações aos meios do clube, lembrando a exigência com que o Sp. Braga vai abrir a nova época, com eliminatórias europeias. 

"O grupo está absolutamente consciente do que está para vir, sabe desde o primeiro dia que tem que se preparar de maneira especial. A exigência neste mês e meio vai ser muito alta e eu acho que isso pode ser detectado quando observamos o comportamento dos jogadores no dia a dia, tanto no treino como em tudo o que fazemos para preparar o treino", assegurou. 

Proximidade com o grupo: "Defendo muito a importância de conhecer o jogador. Para mim isso é fundamental. Por isso temos treinado tudo aquilo que rodeia o jogo para ver a resposta do jogador. Não estaríamos a fazer um favor a nós próprios se não tivéssemos em conta quem treinamos, que relações têm entre eles, como se relacionam dentro e fora do terreno do jogo. Acho que isso tem uma importância capital na hora de se implementar qualquer ideia para desenvolver no campo. Os jogadores não são robôs que vão aplicar uma ideia, um sistema de jogo, um desenho, uma estrutura, que o treinador venha e tenta fazer, levar a cabo. Os jogadores têm sua própria personalidade e a minha intenção é que essa personalidade, esse caráter, essas capacidades individuais que cada um tem, seja potenciada pela nossa ideia de jogo. E, sobretudo, as sinergias que se vão criando ou que já existem entre os diferentes jogadores que temos no plantel. Parte do nosso trabalho tem consistido em detectar essas sinergias, detectar aquelas capacidades, talvez, às vezes, escondidas de alguns jogadores, que temos que ser capazes de colocar ao serviço do rendimento coletivo."

Foco nas vitórias: "Já falámos muito com os jogadores de que nosso foco vai estar tanto em tentar desenvolver seu talento e suas capacidades individuais, como em, obviamente, preparar os jogos, ter uma estrutura que ajude a equipa a ser estável em determinados momentos do jogo. Acho que das duas maneiras vamos conseguir que, no médio e longo prazo, o rendimento da equipa possa ser melhor. Não esqueçamos que o futebol é um jogo e desde pequenos, desde crianças, o que gostamos no futebol é de ganhar. Isso também é o bonito de um jogo, o que atrai, porque o jogo é competição e o jogo, ao ser competição, tem que ter um vencedor e um derrotado. Isso também é o bonito e o especial deste desporto. Saímos e sairemos de cada treino, de cada momento competitivo do treino, de cada jogo particular ou oficial de uma competição a querer ganhar. No final é isso que te mexe com as entranhas e faz com que os cabelos fiquem arrepiados para sair a uma competição a ganhar, isso é o especial do desporto. Não podemos não nos preparar para competir quando o que vamos fazer é competir. O treino deve ser e deve ter aspectos que se assemelhem o máximo possível à competição para podermos tirar o máximo partido disso."

Exigência máxima: "É importante que o jogador saiba que o treinador está aqui para ajudá-lo. Eu acho que isso é o principal e o que eu tentei transmitir ao jogador em cada uma das reuniões individuais que temos tido desde que cheguei. Isso não pode estar em conflito com o fato de que também temos vindo a implantar um nível de, primeiro, auto exigência, depois de exigência para com o grupo, muito alto. Porque não entendo o meu trabalho, nem o ambiente de trabalho que eu quero gerar de outra maneira. Então é importante saber encontrar o equilíbrio, saber que os jogadores podem contar contigo para aspectos futebolísticos e para aspectos não futebolísticos, mas também que saibam que há uma pessoa que se escolheu para levar este projeto a cabo, que vai exigir hábitos, um dia a dia, um trabalho de alta exigência. Porque se queremos nos tornar uma equipa de alto nível, temos que ter esse nível de autoexigência e de exigência diária em tudo o que fazemos."