
Já passava da meia-noite e meia em Espanha. A final da Taça do Rei, que arrancara dia 26, já se ia decidir a 27, na madrugada de Sevilha. Os penáltis pareciam aproximar-se, mas Jules Koundé tinha outros planos.
Cortou o passe de Modric, avançou um pouco. Encheu-se de fé, rematou rasteiro. Bola fora do alcance dos braços gigantes de Courtois, da estirada enorme, eterna, do belga. Golo. 3-2 e celebração culé.
Foi assim, aos 116' de uma final de emoções fortes, que o Barcelona selou a 32.ª vitória na Taça do Rei. Na Cartuja, em Sevilha, o 3-2 mantém o sonho do triplete vivo para os blaugrana. Conquistada a Taça, o Barça lidera La Liga, quatro pontos acima do Real Madrid, e tem já ao virar da esquia as meias-finais da Liga dos Campeões, diante do Inter.
Como vem sendo habitual, a final foi precedida de queixas do Real Madrid. O clube de Florentino Pérez vai acumulando frentes de guerra: contra a federação espanhola, contra La Liga, contra a UEFA, contra os vizinhos do Bernabéu. Contra os árbitros.
A paranoia obsessiva do Real atingiu novos limites, com ameaça de ausência da final à mistura. Ameaça incumprida, a equipa de Ancelotti foi mesmo a jogo.
Fiel ao favoritismo que lhe era atribuído, o Barcelona saiu na frente. Lamine Yamal, de novo look, pausou depois de fintar, olhou antes de fazer. Deu para Pedrid, que provou que quem finta também pode rematar, que quem tricota também pode destruir. Um grande tiro e 1-0.
Ancelotti, muito contestado e cada vez mais associado ao banco da seleção do Brasil, olhou para o banco e lá viu Mbappé, ainda convalescente após um problema físico. O francês saiu ao intervalo e, aos 70', empatou de livre direto. O Real, fiel à místicas das remontadas, passou, em poucos minutos, de estar a perder para encontrar-se na frente. Aos 70', Tchouameni, após canto da direita, cabeceou para o 2-1.
Os blancos viram a taça perto, mas havia ainda um passe messiânico na galeria de Lamine Yamal. Desmarcação de Ferran Torres, passe do adolescente, Courtois fintado, 2-2.
Já passava da meia-noite quando a bola chegou aos pés de Koundé. Todos contavam com penáltis, mas o francês queria deixar a sua marca. O 3-2 acentua o estado de euforia do Barcelona, que acredita numa temporada histórica, e agrava a crise do Real Madrid, onde Ancelotti é cada vez mais contestado.