Depois de um início de temporada tremido, eis que os adeptos do Benfica receberam uma prenda que há umas semanas não parecia ser realista: a oportunidade de passar o Natal no topo da tabela da Liga Portuguesa.

Para isso valeu a quebra do anterior líder - e próximo adversário -, que se colocou ao alcance do maior rival com mais uma perda de pontos nesta 15ª jornada, mas também a qualidade e consistência de uma águia que venceu 12 dos 13 jogos disputados em provas domésticas desde que Bruno Lage assumiu o comando técnico. A mais recente vítima foi o Estoril Praia, que esta segunda-feira saiu da Luz derrotado por 3-0.

Canário mostrou as asas, águia voou

À entrada para um jogo de contornos potencialmente relevantes na história do campeonato, o Benfica sabia que não podia cometer os mesmos erros da jornada anterior. Para acabar a noite no topo da tabela, teria de se apresentar numa versão bem mais próxima daquela que a meio da semana foi à Madeira acertar calendário. A seu tempo, conseguiu.

Chegámos a ver o Estoril a um bom nível, embora mais carregado pelo talento de certas individualidades do que propriamente por um bom plano coletivo. Tiveram a primeira oportunidade do jogo, com João Carvalho, formado no Benfica, a obrigar Trubin a uma importante defesa. Depois disso foi sempre Fabrício Garcia em grande destaque a partir da ala esquerda, a tentar ferir: primeiro numa bela jogada individual que Marqués não converteu e depois num remate que acabou novamente nas mãos do guardião encarnado.

Foi por essa altura que espaços se abriram e se reuniram as condições para que o Benfica demonstrasse todo o seu favoritismo. Com Tomás Araújo em grande nível e muito envolvimento de ambos os laterais, o destaque foi quase todo de Vangelis Pavlidis: o grego atirou ao poste num lance em que meio estádio celebrou prematuramente, mas conseguiu vingar-se pouco depois com uma colocadíssima finalização.

A tranquilidade de Amdouni

Tal como sucedera na primeira parte, a equipa visitante entrou em campo confiante e conseguiu ferir o adversário, no caso com (mais uma) cavalgada ambiciosa de Fabrício Garcia a acabar em grande penalidade. Ainda assim, e tal como tinha acontecido na primeira parte, os estorilistas foram logo de seguida servidos com uma dose de realidade. No menu, um penálti riscado pelo VAR e um Benfica que voltou logo a agarrar as rédeas do jogo.

Mesmo com mais bola e aparente conforto, os homens da casa ainda não estavam a conseguir controlar o jogo por completo, numa altura em que o Estoril tentava ferir na transição. Conseguiam, no entanto, aproveitar os espaços permitidos por esses contra-ataques para criar algumas das suas melhores ocasiões. Numa delas, Pavlidis falhou a chance do bis, mas isso foi logo de seguida corrigido por um colega com maior aproveitamento...

No primeiro lance depois da troca de avançados, Zeki Amdouni apareceu na área e igualou os feitos do colega grego, chegando também ele aos sete golos de águia ao peito. Não houve assistência registada, por ter sido um lance de recarga após remate de Akturkoglu, mas há muito mérito de Ángel Di María, que na primeira parte tinha chegado à marca de 20 assistências no ano civil (clube e seleção).

Para fechar a noite, já no quarto minuto de descontos, Amdouni apareceu ao segundo poste e transformou em bis o pontapé de canto cobrado por Beste. Daí até ao apito final foram meros instantes, até ao árbitro abrir espaço, com o seu último apito, para as boas festas de jogadores e adeptos caseiros. O Benfica é líder e será já testado no domingo, com dérbi em Alvalade.