Está tudo pronto para o início do Eurobasket-2025, que arranca esta quarta-feira, competição em que as Linces vão marcar presença pela primeira vez.

A seleção portuguesa de basquetebol garantiu um inédito apuramento para o Europeu, uma missão quase impossível para muitos. Agora, as 12 eleitas por Ricardo Nascimento não querem apenas participar no Eurobasket e sonham com uma tarefa ainda mais complicada, que é conseguir sair da Chéquia, onde, quinta-feira, se estreiam no Grupo C rumo a a Atenas, cidade que acolhe a segunda fase.

A ambição não tem limites, mas será preciso uma equipa acima dos seus para conseguir que Portugal continue a fazer história.

«Não vimos aqui só para este momento de media. Vimos aqui para apresentar um bom basquetebol que temos feito nos últimos anos. Mostrar que Portugal tem qualidade e que tem vindo a crescer nos últimos anos. Então, porque não? Porque não sonhar um bocadinho mais?», questionou Sofia da Silva, a capitã da Seleção que joga em Espanha.

«Muitas de nós estamos numa fase final da carreira. Não sabemos se vamos voltar a desfrutar do Europeu. Quisemos passar essa mensagem às mais jovens: dizer-lhes que são o futuro da seleção e que devem desfrutar. Ao mesmo tempo, gostaríamos de dar um passo à frente e, quem sabe, passar a fase de grupos. Temos de arranjar uma forma de equilibrar essas emoções», disse a capitã Sofia da Silva.

Em Brno, as portuguesas vão enfrentar adversárias de peso, com destaque para a campeã europeia, a Bélgica, sexta do ranking mundial, terceira europeia e semifinalista dos Jogos Olímpicos Paris2024.Muitas medalhas do lado contrário para apadrinhar a estreia de Portugal que vai sem medo para dentro de campo.

«É uma seleção na qual encaixamos bastante bem, porque somos uma equipa também agressiva, que gosta de contrariar diferentes vertentes do jogo. Têm jogadoras como a Emma Meesseman, a Julie Allemand e a Julie Vanloo. Vamos tentar pará-las», assume a poste. «É bom começar com a Bélgica, porque também é a única equipa que defrontámos nos últimos anos. É a equipa que conhecemos melhor. E a pressão está mais do lado delas por serem campeãs da Europa. E nós como rookies vamos tentar contrariar isso, porque também temos vontade de fazer bem as coisas. E quem sabe passar a fase de grupos, porque não?», atirou.

«Já tivemos jogos em que estivemos a perder por 15 pontos e conseguimos voltar ao jogo. Portanto, não somos uma equipa que se pode dar de barato», avisou.

A Seleção Nacional surge como a menos cotada da poule — 40.º lugar do ranking da FIBA e 20.º Europeu — e depois de pisar o palco frente às belgas, seguem-se as anfitriãs que, além do apoio do público, se apresentam como 9.ª equipa europeia e 18.ª do Mundo.

Antes de partir, em entrevista a A BOLA, Sofia da Silva defendeu que o facto da Seleção Nacional «jogar em equipa, sem uma estrela que sobressaia» pode ser uma vantagem, já que, dessa forma «os adversários podem ser surpreendidos por não conseguirem prever de onde vem o perigo».

Frente às checas, com Julia Reisingerova como referência, as portuguesas têm de «acertar defensivamente», algo que tem faltado nos últimos encontros.

Fica a faltar a formação montenegrina, que apesar de parecer mais acessível está ao mesmo nível da República Checa: 10.º europeu e 19.º mundial. São, porém, aqui as principais apostas portuguesas com Sofia a reconhecer que são as adversárias com o estilo de jogo mais parecido» com o das Linces.

Já o Selecionador Nacional, Ricardo Vasconcelos, prefere um discurso cauteloso mas, ao mesmo tempo, com as contas bem feitas. Para o técnico português, o primeiro objetivo é vencer um jogo.

A meta que se segue será, seguramente, alcançar um dos dois primeiros lugares do Grupo C, que garantem a viagem para a Grécia, onde segue a dança do Eurobasket e que as debutantes querem continuar.

Esta é, portanto, a nova missão impossível das portuguesas.

Um peixinho num lago rodeado de tubarões

A Seleção Nacional é a única equipa no Eurobasket-2025 que nunca pisou tal palco, um peixinho, portanto, num lago de tubarões!

E, ditou o sorteio que as Linces comecem frente à Bélgica, campeã em título. Este, porém, está longe de ser o único perigo.

Aliás, qualquer adversário vai contar com a inexperiência natural e óbvia das portuguesas para tentar somar pontos, o mesmo não significa, porém, que daí dependem mais altos voos.

Além da Bélgica, a Espanha, com quem Portugal perdeu por 59-68, no primeiro jogo do Torneio Internacional de Viana do Castelo, de preparação para o Campeonato da Europa, surge como uma das favoritas ao título.

As espanholas chegam ao Europeu com quatro títulos na bagagem e se o primeiro aconteceu em 1993 e o segundo 20 anos depois, a realidade é que os mais recentes (2017 e 2019) deixam as expectativas em alta.

A prestação da França, medalha de prata, nos Jogos Olímpicos Paris-2024 mantém legitimamente as gaulesas na lista de favoritas, até porque ocupa ainda o melhor lugar no ranking europeu e esteve no pódio nas últimas oito edições, com cinco finais consecutivas perdidas entre 2013 e 2021.

Por último, a Sérvia que Portugal derrotou na qualificação, mas já com as rivais apuradas, campeã em 2015 e 2021.