
Reinaldo Teixeira tomou posse esta quarta-feira como novo presidente da Liga Portugal. No discurso, que durou cerca de 22 minutos, o novo líder da Liga agradeceu os resultados das eleições, «um dos maiores da história», falou sobre o projeto que pretende pôr em prática para «valorizar produto» e deixou promessas a Pedro Proença: «Comportamento de exigência máxima.»
«Começo com uma palavra para o meu adversário nestas eleições, José Mendes. Sublinho o seu comportamento e recordarei a forma como acolheu a minha palavra um dia após as eleições. E guardarei o gesto que assumiu ao afastar-se da Mesa da Assembleia Geral. Esse facto vai provocar uma eleição para a mesa, para a qual indicarei o Comendador António Saraiva. É personalidade que dispensa apresentações e fico grato por ter aceite», começou por dizer Reinaldo Teixeira, frente a uma plateia que, além do Ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, e do Secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, também tinha Pedro Proença, Frederico Varandas, presidente do Sporting, e António Salvador, presidente do SC Braga. Benfica e FC Porto fizeram-se representar, respetivamente, por Nuno Costa, chefe de gabinete de Rui Costa, e Tiago Madureira, vice-presidente do dragões. «Foi dado um extraordinário exemplo de confiança e de compromisso por parte de praticamente todas as sociedades desportivas. Isso deve orgulhar-nos. Dá ainda mais significado aos 81% dos votos que tivemos, um dos maiores resultados da história da liga», reforçou Teixeira, que reiterou a missão de ser «presidente de todas as sociedades desportivas, com imparcialidade, transparência e valores».
O discurso prosseguiu com um alerta e deixou um objetivo claro em mente: conseguir a centralização dos direitos televisivos. «Como disse no dia da eleição, a realidade é crua e pede urgência. Sejamos claros. Estes primeiros dias de trabalho evidenciaram o ponto em que estamos. Tenho perante todos a obrigação de afirmar o seguinte: as narrativas não podem sobrepor-se à realidade. É nossa obrigação liderar a Liga Portugal reconetando discursos aos dados e intenções aos resultados. Temos enormes desafios pela frente. Centralização dos direitos audiovisuais, tema mais nuclear», explicou Reinaldo Teixeira.
Há, nas palavras do novo presidente da instituição, um problema, que servirá como «ponto de partida» para a nova direção: «Hoje, a Liga não tem nenhuma proposta de aquisição dos direitos na mão. Hoje, a liga não tem uma chave da repartição futura aprovada pelas sociedades desportivas. É este o nosso ponto de partida». Para já, estão já pedidas «reuniões formais a todos os operadores e plataformas de distribuição de conteúdos a operar no mercado português», de modo a evitar que o valor seja «subestimado».
O discurso continuou com «um desabafo»: «Amigos perguntaram por que me sujeitava a este desafio. Podia estar tranquilo no conforto da minha vida empresarial e do meu Algarve. Escolhi candidatar-me porque acredito que a transformação do futebol se fará com valores e com capacidade de execução. O futebol pode e deve ser exemplo», explicou Reinaldo Teixeira, que se queixa de projetos que «esbarram no impasse, na burocracia, prejudicando o produto, os adeptos que tanta falta fazem nas nossas bancadas». «Estamos ao lado dos municípios, numa perspetiva positiva, procurando soluções, com valores, ética e transparência», adicionou o presidente da Liga, que pede ao governo que «dê oportunidade de melhor cumprir a missão social, corrigindo as injustiças de que somos alvo, no IVA e na bilhética».
Ao mesmo tempo que defendeu que «a Liga Portugal será sempre exemplo nos comportamentos, na articulação com a tutela, dirigentes, árbitros e demais intervenientes», Teixeira deixou um agradecimento a Pedro Proença, presidente da FPF, a quem sucede neste cargo e a quem garantiu «comportamento de exigência máxima»: «Pedro Proença, meu amigo, assumo a presidência da Liga, casa que bem conhece e dirigiu nos últimos 10 anos, consciente da importância de iniciarmos tempo novo para o futebol português, assegurando disponibilidade total para parceira entre instituições, na defesa dos interesses próprios e comuns. Sempre, sempre, em absoluta verdade e transparência, honrando aquilo que aqui trago como essencial: o valor da palavra.»
Ainda no discurso, Reinaldo Teixeira voltou a reforçar que «os tempos são urgentes» e deixou uma série de propostas: «Adotemos plano de investimento em infraestruturas que catapulte o futebol para a modernidade. Saibamos construir alinhamento estratégico no IVA sobre bilhetes. Teremos Liga aberta para a criatividade. Vamos avançar para conteúdos para novas plataformas, explorar mercado mundial, sempre na perspetiva de eficiência nos resultados. A Liga Portugal, em respeito às SAD, deve analisar oportunidades custo-benefício. Tudo deve ser orientado na perspetiva de valorizar produto.»
O discurso contou ainda com... um objetivo mundial: «Crescendo em conjunto, afirmando-se a liga e as competições, teremos mais condições para crescer em qualidade, para reter talentos e retribuir com o que todos sabemos estar em falta, um contributo efetivo das ligas para seleções nacionais, assegurando a identidade e a profundidade de opções que nos colocarão mais perto dos títulos, incluindo o título mundial que Portugal merece. O pacto do futebol profissional faz-se em equipa. Temos de ser mais e fazer mais.»
À margem do evento, falou apenas André Baptista na zona mista. O presidente da SAD do Torreense frisou que a eleição de Reinaldo Teixeira é «benéfica» e que todas as sociedades desportivas devem estar em regime de «solidariedade» para os novos projetos da Liga. De resto, não falou mais nenhum presidente no evento.
O discurso de Reinaldo Teixeira, na íntegra:
«Obrigado a todos mais uma vez por encherem este auditório. Enchem também o meu coração com a vossa presença. Sabem, porque me conhecem, que jamais esquecerei o carinho aqui manifestado bem como o apoio recebido durante toda a campanha. É com orgulho que aqui estou para suceder à minha amiga Helena Pires e a Pedro Proença, a quem agradeço e reconheço o contributo para a casa do futebol profissional, bem como aos antigos presidentes desta grande casa, Major Valentim Loureiro e Hermínio Loureiro.
Começo com uma palavra para o meu adversário nestas eleições, José Mendes. Sublinho o seu comportamento e recordarem a forma como acolheu a minha palavra um dia apoiss as eleições. E guardarei gesto que assumiu ao afastar se da Mesa da Assembleia Geral. Esse facto vai provocar uma eleição para a mesa, para a qual indicarei comendador António Saraiva. É personalidade que dispensa apresentações e fico grato por ter aceite.
Está eleição prestou um tributo ao valor da palavra. Palavra dada, palavra honrada. A votação para a assembleia da presidência da liga foi um exemplo da inovação institucional. A expressão do voto confirmou praticamente todos os posicionamentos anunciados no apoio à minha candidatura. Foi dado um extraordinário exemplo de confiança e de compromisso por parte de praticamente todas as sociedades desportivas. Isso deve orgulhar nos. Dá ainda mais significado aos 81% dos votos que tivemos, um dos maiores resultados da história da liga. Agora eleito não posso deixar de devolver compromisso redobrado, reiterando a minha missão: ser presidente de todas as sociedades desportivas, com imparcialidade, transparecia e valores.
Tudo farei, com a minha equipa, para estar à altura do que somos: Liga Portugal. Uma liga para todas as sociedades desportivas, para os adeptos e para o país. Perante o nosso desígnio maior, proponho um pacto pelo futebol profissional. Ancorado na força dos valores comuns para garantir grandes medidas que temos de executar, focado no valor das competições. Pela liga e para fazermos história, como disse no dia da eleição, a realidade é crua e pede urgência. Sejamos claros. Estes primeiros dias de trabalho evidenciaram o ponto em que estamos. Tenho perante todos a obrigação de afirmar o seguinte: as narrativas não podem sobrepor-se à realidade. É nossa obrigação liderar a Liga Portugal reconectando discursos aos dados e intenções aos resultados. Temos enormes desafios pela frente. A centralização dos direitos audiovisuais é o tema mais nuclear. Desde há dez anos que essa tem sido a principal bandeira desta casa.
Infelizmente, nestes dez anos, não foi possível ainda concretizar. Falta um ano para entregar à autoridade da concorrência projeto da comercialização. Hoje, a Liga não tem nenhuma proposta de aquisição dos direitos na mão. Hoje, a liga não tem uma chave da repartição futura aprovada pelas sociedades desportivas. É este o nosso ponto de partida.
Permitam um desabafo: no auge da campanha, amigos perguntaram por que me sujeitava a este desafio. Podia estar tranquilo no conforto da minha vida empresarial e do meu Algarve. Escolhi candidatar-me porque acredito que a transformação do futebol se fará com valores e com capacidade de execução. O futebol pode e deve ser exemplo. A sua força de entendimento estender-se-á a todos os parceiros, incluindo municípios.
Temos sociedades desportivas convertidas com projetos se forte importância nas populações. Dispostas a investirem em mais campos, remodelar estádios, ou construir. Projetos de forte impacte econômico que esbarram no impasse, na burocracia, prejudicando o produto. Prejudicando os adeptos que tanta falta fazem nas nossas bancadas. Estamos ao lado dos municípios, numa perspetiva positiva, procurando soluções, com valores, ética e transparência.
A par dos municípios, o pacto do futebol tem de chegar mais longe, ser acolhido junto do governo. Num tempo social de mudança, em que jovens estão sujeitos a pressão, o futebol deve ser veículo de entretenimento e prática desportiva. Pedimos ao governo que dê oportunidade de melhor cumprirmos a missão social, corrigindo as injustiças de que somos alvo, no IVA e na bilhética. Este é um dossier prioritário.
Nas últimas horas seguiram pedidos de audiência a todas as lideranças partidárias, ministros dos Assuntos Parlamentares, Economia e Finanças. A Liga Portugal será sempre exemplo nos comportamentos, na articulação com a tutela, dirigentes, árbitros e demais intervenientes. Com esta liga todos estamos convidados a fazer parte do pacto. Valorizar espetáculo e fazer crescer produto. O pacto pelo futebol não pode existir sem o maior de todos os parceiros, a Federação Portuguesa de Futebol. Pedro Proença, meu amigo, assumo a presidência da liga, casa que nem conhece e dirigiu nos últimos 10 anos, consciente da importância de iniciarmos tempo novo para o futebol português, assegurando disponibilidade total para parceira entre instituições, na defesa dos interesses próprios e comuns. Sempre, sempre, em absoluta verdade e transparência, honrando aquilo que aqui trago como essencial: o valor da palavra.
Os tempos são urgentes, também na credibilidade das instituições e na excelência do desempenho dos cargos executivos. Terá na minha pessoa, na Liga Portugal a que agora presido, nada menos do que um comportamento de exigência máxima. Promoveremos sempre uma cultura de absoluto respeito institucional. Saberemos divergir positivamente, fazendo da discussão e do debate saudáveis instrumentos de mudança.
Conte connosco, no já referido projecto de centralização, na discussão dos quadros competitivos e na revisão do protocolo Liga - FPF. Conte com os nossos contributos para a construção de uma justiça, de disciplina e arbitragem, de excelência. Saibamos ser parceiros nos dossiês cruciais, desse logo na distribuição proveniente das apostas. Em boa hora, um compromisso eleitoral da sua candidatura, estamos certos será cumprido.
Adotemos plano de investimento em infraestruturas que catapulte o futebol para a modernidade. Saibamos construir alinhamento estratégico no IVA sobre bilhetes. Crescendo em conjunto, afirmando-se a liga e as competições, teremos mais condições para crescer em qualidade, para reter talentos e retribuir com o que todos sabemos estar em falta, um contributo efetivo das ligas para seleções nacionais, assegurando a identidade e a profundidade de opções que nos colocarão mais perto dos títulos, incluindo o título mundial que Portugal merece. O pacto do futebol profissional faz-se em equipa. Temos de ser mais e fazer mais.
Teremos a Liga aberta para a criatividade. Vamos avançar para conteúdos para novas plataformas, explorar mercado mundial, sempre na perspetiva de eficiência nos resultados. A Liga Portugal, em respeito às SAD, deve analisar oportunidades custo-benefício. Tudo deve ser orientado na perspetiva de valorizar produto.»