
Além do contacto face a outras realidades e adversários, competição e grande convívio entre os jogadores das 18 seleções distritais de sub-14 e sub-16, masculinos e femininos, que a 17.ª Festa do Basquetebol juvenil proporciona ao longo dos quatro dias propriamente ditos de competição, serão um total de 164 jogos em Albufeira, o evento é igualmente aproveitado pela federação para captar, observar e ajudar a crescer novos árbitros (64), vindos dessas associações, que se juntam aos mais experientes (6) da Liga Betclic. Também eles têm ambições.
«Em termos globais, contamos com três árbitros de cada associação a nível regional. A maior parte, em termos formativos, tem cerca de um a dois anos de experiência de arbitragem», começa por contar António Pimentel, vogal do conselho de arbitragem da FPB .
«Complementando tudo, juntamos árbitros da nossa principal liga, como, por exemplo, o Julio Anaya [panamiano, que esteve nos Jogos de Paris-2024], o qual, ainda ontem, esteve na final da Euro Cup, em Málaga, e que virá arbitrar. Há Sérgio Silva que está também na Euroliga e mais uma série de árbitros da Liga e da Proliga. Eles apoiam a formação desses árbitros nesta espécie de formação com jogos. Como um treino intensificado, onde recebem feedback das suas atuações através de uma análise», vai contando quem também foi árbitro internacional.
«É igualmente daqui que detectamos alguns deles com talento que mais tarde os vamos potenciar através de programas específicos, como para potenciais talentos e outros. Sim, a ideia é que possam vir a chegar à Liga, mas a seleção deles começa aqui. No ano passado identificámos dois ou três de que não tenho dúvidas que se vão tornar grandes árbitros e que nesta altura estão já ao equivalente à 3.ª Divisão [CN1] e têm um potencial tremendo», completa Pimentel.
Entre aqueles que veem na arbitragem uma aposta está Ivan Santos, de 20 anos, que surge pela associação do Alentejo. «O meu sonho é apitar com o Vicente Jardim», conta Ivan sobre o colega que tem sido uma das figuras em ascensão na Liga Betclic, patamar para o qual entrou em 2021.
«Sempre foi o meu ídolo desde que ele começou a arbitrar. Se calhar porque dos que conheço, é aquele que está mais perto da minha idade, e depois era um jogador da Seleção Nacional e deixou de jogar para apitar porque gostava de o fazer. Como posso dizer… abdicou de uma coisa que, se calhar, eu não consigo desistir, para ter uma carreira na arbitragem», justifica Ivan do alto dos seus 2m.
«Claro que também ambiciono vir a arbitrar competições internacionais, mas tudo tem de ser passo a passo. Primeiro terei de conseguir subir a árbitro da federação e depois pensar nesses mundos», declara antes de começar a arbitrar um novo encontro.
Igualmente desejoso de ir além dos jogos distritais está Felipe Alijas, filho do ex-basquetebolista espanhol Juan Hernando Alijas, que passou pelo Illiabum, Portugal Telecom, Aveiro Basket e Gaia ao longo de dez temporadas. «Quero chegar o mais longe possível», diz de imediato Felipe, de 22 anos, que pertence à associação de Lisboa. «Ser internacional, chegar aos Jogos Olímpicos…».
E o que é que sabe que tem de trabalhar para esse nível? «Tudo. Desde leitura e feeling do jogo, e principalmente gestão do jogo. O basquete é mais isso, gerir: sejam emoções ou encontro em si, com os contactos e tudo o resto», específica. E é mais complicado nestas idade ou com os mais velhos. «Com estas idade, sem dívidas. Nos seniores é tudo muito mais claro e previsível. Já sabemos o que vai acontecer. Aqui, são miúdos… andam ali só de cabeça quente».
E, tal como esse crescimento que estes jogadores ainda estão a ter, o que é que sente que ainda lhe falta evoluir mais? «Principalmente a leitura de contactos, que é o que nos vão pedindo cada vez mais. Arriscarmos para deixar o jogo fluir. Mas depois também sair o momento certo para assinalar esses contactos que são importantes. Lá está, vai levar sempre até à gestão do jogo. Sejam árbitros da Liga ou internacionais, a gestão do jogo é tudo.
E se pudesse, que regra é que mudava? «Boa pergunta… Não faço a mínima ideia… Assinalar uma falta técnica quando temos seis jogadores em campo. Muitas vezes a culpa é nossa, dos árbitros, que estamos distraídos e entregamos a bola demasiado cedo e não podemos porque se encontram seis jogadores ainda no court. É preciso bom senso. Talvez não se devesse marcar falta técnica nessas situações ou que existisse outra forma de penalizar», rematou.