O dossiê avançou com celeridade e ficou conhecido na tarde desta quarta-feira. Martín Anselmi é a escolha de André Villas-Boas para suceder a Vítor Bruno e assumir o cargo de treinador principal dos dragões.
Face à ausência de provas dadas pelo argentino no futebol europeu, esta é, para muitos adeptos, uma opção surpreendente e, sobretudo, pouco conhecida.
Assim, o zerozero foi à procura de informações sobre o jovem treinador, isto de forma a dar a conhecer aos nossos leitores o futuro técnico azul e branco. Afinal, quem é Martín Anselmi?
Primeiro, os factos
Apesar da tenra idade - 39 anos -, o itálo-argentino já tem alguns anos disto. Teve a primeira experiência sénior em 2016, como adjunto de Mauricio Pellegrino no Independiente e terminou a temporada no terceiro lugar do principal campeonato argentino.
Martín Anselmi 3 títulos oficiais |
Um ano depois, mudou-se para a cidade que o viu nascer. Seguiu-se Buenos Aires e dois anos ao serviço do Atlanta, na quarta divisão. Um passo atrás para, pouco depois, dar uns quantos à frente.
Em 2018, começou a aventura pelo Equador, onde Anselmi cresceu a pulso. De adjunto na equipa B do Universidad Catolica até à cadeira de sonho no Independiente del Valle, onde atingiu o pico da carreira ao levantar uma Copa Sudamericana - a segunda competição de clubes mais importante do futebol sul-americano, para os menos familiarizados.
Pelo meio, duas passagens que moldaram o jovem técnico: no Brasil, foi adjunto no Internacional e, no ano seguinte, teve a primeira experiência da carreira enquanto treinador do Unión La Calera, no Chile.
As duas últimas épocas foram passadas no México - um autêntico interrail pela América do Sul. No Cruz Azul, nota para o segundo lugar no campeonato Clausura, em 23/24.
Depois, as opiniões
Um documentário produzido pela TUDN México deu palco às raízes do futuro técnico dos azuis e brancos e expôs as primeiras tentativas feitas por familiares com o intuito de "criar" um adepto do Boca Juniors, mas Anselmi seguiu o coração e tornou-se no "único" hincha do Newell's Old Boys em Buenos Aires.
Cresceu e, como milhares de crianças, viveu do futebol das calles, pelas ruas da capital argentina. Contudo, nunca jogou federado, seja na formação ou como sénior. Num percurso pouco comum, passou diretamente das ruas para os bancos de suplentes.
De hobby a paixão, o jovem Anselmi tomou uma decisão: fazer do futebol a sua vida. Por isso, entrou no mundo do treino desportivo pelas portas da formação do Club Atlético Excursionistas.
No documentário acima mencionado, falou Daniel Marinelli, coordenador do clube: «É algo normal nesses cursos de treinadores. Recebemos 70 rapazes por ano, dos quais nem dez por cento foram treinadores de futebol. Todos têm a ambição de ser treinadores, foi para isso que estudaram, mas nem todos estão capacitados, lamentavelmente.»
As palavras duras não se enquadram com Anselmi: «Ele é um exemplo para todos os rapazes que entram nos cursos de treinador; um exemplo de que sim, é possível.»
«Era um treinador jovem, que estava a dar os primeiros passos, mas que já se notava que, na parte teórica, estava um passo à frente para o futebol da época. Geria o grupo muito bem, os jogadores entendiam-no e faziam tudo o que ele pedia», contou o coordenador Daniel Marinelli.
O crescimento não passou despercebido a ninguém e, evidentemente, chamou a atenção de outros clubes. A rampa de lançamento estava construída: «Os dirigentes do futebol não são tontos; quando veem que há um profissional destes, é seguro que o vão chamar.»
Por fim, as ideias
Na mais recente experiência, como líder do Cruz Azul, o treinador apresentou, segundo Alejandro Orvañanos - jornalista mexicano - um sistema de três defesas, com uma vontade clara de sair desde trás com a bola controlada e com o guarda-redes a subir, sem medos, no terreno, a atuar quase como um líbero.
Sem bola, Anselmi quer que as suas equipas pressionem alto e estaciona a linha defensiva quase no meio-campo. Uma ideia, de acordo com o jornalista, agradável de se assistir.
Num artigo publicado pelo próprio clube mexicano, o Cruz Azul definiu o futebol de Martín Anselmi como capaz de emocionar a afícion e de devolver a ilusão à massa adepta.
«Em algum momento, vai deixar o Cruz Azul porque é assim a vida dos treinadores; acredito que lhe vai custar muito, porque meteu o clube no seu coração», admitiu a mãe, Carina Marcovich. «Que [o futuro] seja o que tiver de ser. Oxalá que seja bom, porque ele merece. Porquê? Porque trabalha todo o dia e dá tudo de si. Merece tudo, de verdade», contou a esposa, Bárbara Andreu.
Temos muita ambição e muitas ganas de começar. Foi assim que Martín Anselmo iniciou, na apresentação, a aventura no México. Agora, na cidade Invicta, um novo capítulo está prestes a começar.