Portugal entrou em campo a saber que a esperança era curta, quase teórica, mas ainda assim viva - e isso bastava para acreditar. Frente à Bélgica, na última jornada da fase de grupos do Campeonato Europeu, jogava-se o tudo ou nada com a consciência de que seria preciso mais do que uma boa exibição: seria preciso quase um milagre. No fim, não houve surpresa nem milagre, apenas a confirmação do adeus.

O quase ficou mais longe. A mínima esperança do apuramento virou um amargo regresso a casa. Portugal foi eliminado do Euro, após uma derrota por 1-2 diante das belgas.

Francisco Neto mudou apenas uma peça no onze titular - fazendo Catarina Amado ocupar o lugar de Ana Borges - e regressou ao 4-4-2 losango, mas entrada em jogo relembrou passado recente. Foram precisos três minutos - apenas três minutos - para a eventual estratégia montada ficar desconsertada.

Ataque rápido e Tessa Wullaert não se fez de rogada, após um cruzamento quase milimétrico de Jill Jansens. A defesa portuguesa não conseguiu acompanhar e parecia que a cabeça ainda não estava em jogo sequer.

Daí em diante, decorreu uma primeira parte algo apática e descaracterizada ofensivamente do lado de Portugal. Foram muitas as dificuldades notórias das lusas em campo no acompanhamento às belgas. Kika Nazareth mostrou-se, desde cedo, a mais inconformada com o rumo da história.

As oportunidades que surgiam ficavam longe de ser efetivamente perigosas - à exceção de um pontapé livre que Diana Gomes tentou desviar, mas a bola saiu ao lado. Do lado da Bélgica, o orgulho sobressaía neste duelo após confirmada a eliminação. Tudo o que conseguissem era ouro.

Mudam-se as peças, mudam-se as vontades

A segunda parte fez olhar para a primeira como se de dois jogos completamente distintos se tratassem. A partir do momento em que Lúcia Alves e Andreia Jacinto colocaram um pé no relvado, a diferença foi notória.

Portugal mostrou-se muito mais aceso a nível ofensivo. A dupla Jacinto - Kika trouxe a criatividade necessária para enfrentar a defesa belga, mas a pouca eficácia foi inimiga clara das lusas.

E, como o futebol não é linear, foi a Bélgica que chegou novamente ao golo, depois da Seleção Nacional encontrar o caminho da baliza por várias ocasiões. Num ataque rápido, Mariam Toloba foi fatal frente a Patrícia Morais, mas a árbitra prontamente invalidou o lance, após falta cometida sobre Andreia Jacinto. Mesmo assim, ficou o aviso.

Pouco depois, voltou a mesma belga a aparecer. Um cabeceamento à barra soou como sirene de alarme nas lusas. A resposta chegou a muito pouco tempo do fim.

Telma Encarnação subiu ao relvado para concretizar depois de um passe magistral de Francisca Nazareth a rasgar a defesa adversária. O festejo surgiu, mesmo com a noção que o grande objetivo estava cada vez mais perto de ser consolidado como miragem.

E assim foi. A Bélgica quase selou a vitória com um golo caricato para lá dos 90 minutos. Na sequência de um pontapé de canto e de uma confusão aglomerada ao segundo poste, a bola acabou a ser empurrada para dentro da baliza pelo peito de Amber Tysiak. A árbitra invalidou o lance por fora de jogo, mas o golo viria a aparecer na mesma, após um mau alívio de Carole Costa. Janice Cayman estava no sítio certo para rematar de primeira e acabar com as dúvidas.

No final, fica a sensação de que Portugal partiu do Campeonato Europeu sem nunca verdadeiramente ter chegado - e, no futebol, isso custa sempre mais do que perder.