
Foram muitas as primeiras vezes de Henrique Rocha nos últimos dias em Paris. Conseguiu uma inédita presença no quadro principal de um Grand Slam. Jogou pela primeira vez um encontro a cinco sets. E ganhou pela primeira vez um encontro a cinco sets. Bateu um cabeça de série. E tornou-se, com Nuno Borges também este ano, num dos primeiros tenistas portugueses a chegar à 3.ª ronda de Roland-Garros.
O sonho do maiato terminou no final da primeira semana, frente a Alexander Bublik, número 62 mundial. Jogar com o cazaque abre sempre uma porta de esperança, mesmo para um português no lugar 200 da hierarquia. Tão talentoso como temperamental, Bublik tanto pode maravilhar em court como ser protagonista dos maiores destrambelhamentos alguma vez vistos. Este sábado, para azar de Henrique Rocha, Bublik acordou em dia yang, composto e sem lados lunares. Bateu o português por 7-5, 6-1 e 6-2 e segue pela primeira vez para a 4.ª ronda em Paris.
A fazer o seu 6.º jogo em Paris e com dois encontros em cinco sets nas rondas anteriores - ele que nem um havia jogado na carreira -, Henrique Rocha equilibrou, e muito, o primeiro set. Foi dele o primeiro break point do encontro, desaproveitado. Algo que Bublik não fez: à primeira oportunidade de quebrar o saque do português, fechou o set em 7-5.
Daí para a frente o jogo tornou-se algo aflitivo para o jogador que treina no CAR do Jamor, seguramente pouco fresco depois de uma semana de emoções e esforços inéditos. Bublik quebrou-o nos seus dois primeiros jogos de serviço e rapidamente fugiu no marcador, onde Rocha só entrou aos 5-1. O mesmo aconteceria no 3.º set, com Henrique Rocha a acumular erros diretos, a somar bolas demasiado compridas, e com Bublik a matá-lo a cada amortie, com novo duplo break a abrir.
Rocha chegou a ter ponto para devolver um dos breaks, que não conseguiu converter, e o duelo derivou para a inevitabilidade, com Bublik a fechar o encontro com um 6-2, em uma hora e 41 minutos. Depois da derrota de Nuno Borges na véspera, Portugal fica sem representantes no quadro de singulares - Borges continua em prova nos pares.
As cinco vitórias de Henrique Rocha num torneio de Grand Slam, contando com as três do qualifying, são um novo máximo de um jogador nacional. As consequências serão imediatas: o n.º 3 nacional deverá subir ao top 150, o que significa um novo máximo para o jogador que tem como melhor ranking o 155.º posto em fevereiro deste ano.