

O Giro dá o ponto de partida para o período mais mediático e espectacular do calendário do World Tour. Trata-se do momento de desilusão ou de vitória para muitos dos ciclistas que se focam nesta Grande Volta em detrimento das outras ou como aperitivo para a Vuelta ou para o Tour.
Obviamente, o ciclismo é um desporto coletivo, mas parece-me importante destacar as principais figuras individuais da Volta a Itália porque são eles que pedalam milhares e milhares de quilómetros, em prol dos objetivos da equipa. Mesmo que se destaquem, o coletivo é o principal, mas eles merecem ser destacados.
Por isso, o Bola na Rede sumariza a prestação de cinco dos ciclistas que mais se destacaram na 108.ª edição do Giro.
Simon Yates – Vencedor da Geral (Maglia Rosa)
O ciclista inglês voltou a conquistar a vitória geral individual de uma grande volta, algo que parecia já uma miragem. Sem Roglic e sem Ayuso, parecia que a decisão estava entre o jovem Isaac del Toro, da UAE Team Emirates, e o experiente Richard Carapaz, da EF Education. No entanto, Simon Yates, da Visma, atacou no Colle delle Finestre, na 20ª etapa, sem que Toro e Carapaz o conseguissem apanhar.
Obviamente, ter uma locomotiva como Wout van Aert ajudou muito a ultrapassar este obstáculo que tem memórias traumáticas para o britânico depois de ter quebrado fisicamente, em 2018, e perdido a Rosa para Chris Froome. Existiu o fator surpresa nesta vitória que vai ser difícil de repetir e de replicar para outras edições de Grandes Voltas. Os grandes candidatos voltaram a estar atentos a Yates.
Isaac del Toro – Jovem Revelação
Em estreia nas Grandes Volta, com apenas 21 anos, Toro mostrou a razão pela qual foi contratado pela Team Emirates. O mexicano foi líder da geral praticamente metade do Giro, venceu em Bormio, depois de se ter isolado no mítico Mortirolo.
Faltou a experiência para conseguir gerir melhor os momentos da corrida, mas as características para um ciclista completo estão lá: bom trepador e boa capacidade aceleração, falta só melhorar um pouco mais no contrarrelógio. Trata-se da revelação do Giro. Vamos ouvir falar muito dele nos próximos anos.
Richard Carapaz – Falta algo
O colombiano é dos ciclistas mais completos no pelotão internacional. No entanto, parece sempre que falta algo para vencer as Grandes Voltas. Depois da Camisola Rosa, em 2019, Carapaz tinha uma boa oportunidade para vencer a sua segunda geral individual, mas faltou explosão e capacidade de iniciativa para conseguir chegar à liderança. Talvez se tivesse menos pressão, tal como Yates, o ciclista da EF Education pudesse estar mais perto da vitória final. Fica o pódio e a vitória na chegada a Castelnovo ne´ Monti.
Primož Roglič – Potência do início não chegou
O esloveno era um dos principais favoritos e o contrarrelógio inicial em Tirana, na Albânia, confirmava que Roglic vinha em boa forma para reconquista o Giro, depois de 2023. Ao longo das primeiras semanas mantinha-se numa boa posição da geral, apoiado por Jai Hindley, como gregário de destaque.
No entanto, o ciclista da Red Bull – Bora – Hansgrohe foi vítima de várias quedas e à quarta não resistiu. Roglic já estava a quase quatro minutos da liderança, mas ainda tinha oportunidades para recuperar. O azar voltou a bater, numa carreira marcada por vitórias e por quedas…
Mads Pedersen – Começo fulminante
O dinamarquês foi o destaque na categoria sprinters. Consagrou-se como rei, com a camisola verde. Pedersen, da Lidl-Trek, venceu a etapa inaugural e foi o primeiro a vestir a Camisola Rosa e ainda voltou a vesti-la depois de vencer novamente ao sprint, na terceira etapa.
Fortíssimo nas decisões em plano, o nórdico somou bastantes pontos nas primeiras etapas e cavou uma diferença para os rivais. Ao todo, Pedersen venceu em quatro e fez oito top 10 em etapas. Se mantiver esta forma e marcar presença no Tour, Pedersen será um caso sério. Um dos melhores sprinters da atualidade e o que está em melhor forma atualmente.