Este testemunho de Henrique Ramos, depois do presidente do FC Porto André Villas-Boas, chegou a ser interrompido pela procuradora do Ministério Público (MP), para o confrontar com declarações anteriores, em fase de instrução, por prestar novas afirmações consideradas contraditórias.

A dado momento, quando Ramos respondia à procuradora, por requerimento da magistrada, considerando terem surgido "declarações discrepantes" da versão que apresentou em sede de inquérito.

Assim, a juíza leu o depoimento de fevereiro de 2024, para o confrontar, após o qual teve de voltar a alertar o assistente para o seu comportamento perante o tribunal, após várias respostas.

"Senhor Henrique Ramos, não está no café, não está num teatro", disparou, a dado momento, a presidente do coletivo de juízes, Ana Dias Costa, que viria a adverti-lo por várias vezes, chegando a dizer-lhe para "calar a boca" e cingir-se ao que lhe era perguntado.

'Tagarela', como é apelidado desde a infância, confirmou ter sido ameaçado pelo arguido José Dias, que lhe terá dito que ia "ter uma prenda" depois de discursar, outro, José Pedro Pereira, pontapeou-o, e ainda outro, Vítor 'Aleixo', o filho, cuspiu-o e ameaçou-o.

Se o arguido Fernando Madureira "tentou mas não conseguiu" impedir a confusão, afirmou, outros participantes na AG dirigiram-lhe insultos, considerando que para esta reunião magna foram convocadas muitas pessoas através do WhatsApp, seja em apoiantes de Pinto da Costa seja de André Villas-Boas, embora o que estivesse em cima da mesa fosse uma alteração dos estatutos do clube.

Além de 'desresponsabilizar' Fernando e Sandra Madureira, criticou a "desorganização e inoperância" de quem tinha deveres de organização da assembleia geral extraordinária de novembro de 2023.

'Tagarela' voltará ao Tribunal de São João Novo, no Porto, na segunda-feira, quando o julgamento for retomado, pelas 13:45, seguido de três órgãos de polícia criminal, primeiras testemunhas.

Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram na segunda-feira a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, sob forte aparato policial nas imediações.

Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.

Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.

 

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