
Enquanto caras dos candidatos, assumidos e putativos, foram caindo como peças do tabuleiro do jogo "Quem é Quem?" na dança de nomes iniciada, em setembro do ano passado, por João Diogo Manteigas, o primeiro a perfilar-se com bastante antecedência para as eleições - que serão a 25 de outubro -, Rui Costa foi-se guardando em copas. O presidente do Benfica disse que ia deliberar, prolongou a indefinição, depois lá disse que a espera duraria até ao final desta temporada.
Eliminado o Benfica do Mundial de Clubes a 29 de junho, oficialmente a época já acabou para os encarnados e os jornais foram-se entretendo com reforços da equipa, saídas da estrutura, hipotéticos valores de transferências à medida que a dúvida eleitoral crescia. Afinal, o que ia fazer Rui Costa, o presidente criticado e contestado? A resposta chegou esta quinta-feira, chegada por uma via antiga ressuscitada para o efeito: “Assumo, à Benfica, que sou recandidato a presidente.”
Garantiu-o no Instagram, através de um vídeo publicado na página que em 2021 serviu o seu primeiro projeto de ataque à presidência dos encarnados. Nele surge a olhar diretamente para a câmara, sem músicas, de olhar confiante a falar sem pressas, cheio de um tom justificativo, usando oito vezes a palavra “porque” para sustentar a decisão. “Porque no Benfica não se desiste - trabalha-se com visão, paixão e sentido de futuro”, foi a primeira. “Porque no momento mais difícil disse presente e avancei, porque juntos ultrapassámos o Cabo das Tormentas e garantimos estabilidade”, introduziu a segunda.
Saciada a dúvida, Rui Costa chegou-se de novo à frente por ser “preciso fazer o que ainda não foi feito”, juntando, porventura já com mira nas críticas vindas dos outros candidatos, que “o Benfica será sempre mais do que uma circunstância”. Por duas vezes disse que a sua “prioridade” de momento está na preparação da próxima época, umas delas para justificar o adiamento para depois a divulgação dos nomes que o acompanharão nesta recandidatura, o seu plano e o que pretende, de concreto, para os próximos quatro anos de Benfica.
Falou no plural mesmo sem divulgar um nome que fosse, um detalhe de quem lhe fará companhia - “Voltamos com energia renovada, com ambição reforçada e com a mesma paixão de sempre.” Tal ausência de caras em seu redor é comum aos outros candidatos oficiais, que são quatro: após João Diogo Manteigas, o mais apressado a surgir na corrida, surgiram João Noronha Lopes, Cristóvão Carvalho e Martim Mayer. Ainda na semana passada, espreguiçou-se o rumor de que Luís Filipe Vieira fará o mesmo.
Aos 53 anos, Rui Costa quer mais. É presidente do Benfica desde outubro de 2021, quando recolheu 84,48% dos votos da eleição mais participada da história do clube (40.085 sócios votantes), superior à anterior ida às urnas que tinham validado Luís Filipe Vieira, no ano anterior (38.102). À partida, sem quaisquer peças de mobília habituais em atos eleitorais - programas apresentados, pessoas específicas para cargos concretos ou, quem sabe, debates -, será quem Vieira derrotou em 2020 o maior concorrente do 'Maestro' nestas eleições. Noronha Lopes teve 34,71% dos votos nesse sufrágio, em teoria a sua generosa base de apoio existe.
O Benfica “é, estruturalmente, a maior, a melhor e mais abrangente instituição desportiva em Portugal”, defendeu Rui Costa no vídeo de apresentação da sua recandidatura depositado numa página ainda com imagens dele, há quatro anos, com máscara na cara em ações de campanha. Agora quer ir buscar a 25 de outubro um bilhete para ficar na presidência do clube até 2029.