Palavras de Tim Bezbatchenko, CEO da Black Knight Football Group, detentor principal do Moreirense, deu uma entrevista a A BOLA em que abordou o estado atual do clube de Moreira de Cónegos. Bezbatchenko admitiu ainda uma parceria com o Bournemouth, que o Black Knight Football Group também detém, mas garantiu que o principal passo será fazer do Moreirense um clube sustentável. Ainda assim, não perdeu o realismo e relembrou que o Moreirense não está «no topo da cadeia alimentar», o que significa que precisa de vender.

— Conseguem garantir aos adeptos do Moreirense que não deixarão o clube num mau estado financeiro, como por vezes acontece com outros detentores de vários clubes?

— O Moreirense está numa posição estável. O que estamos a tentar fazer é melhorar e aumentar o nível do clube. E também não vamos mudar o clube. Vai ser comandado por pessoas no terreno, vão dirigir o clube diariamente. Muito honestamente, não sei como os outros detentores de muitos clubes operam, mas parece que pode haver uma desconexão se há pessoas que não são parte da comunidade e que conduzem o clube de forma diária. Acreditamos que isso é um ingrediente importante para o sucesso. Mas posso garantir aos fãs e adeptos que faremos o nosso melhor para garantir que a experiência seja uma gratificante. E ganhar ajuda sempre…

— Haverá uma parceria e troca de jogadores entre o Moreirense e o Bournemouht?

— Há essa possibilidade. Fizemos isso com o Lorient, onde compramos o Junior Kroupi e ele ficou por empréstimo no Lorient. Ajudou-os a subirem de divisão e foi o melhor marcador da competição. Como cada clube pode ajudar o outro é importante, mas nós também queremos determinar a maneira como desenvolveremos jogadores dentro do Moreirense. Depois disso, sim, provavelmente dar experiências aos jogadores do Moreirense, seja no Bournemouth ou no Lorient, por exemplo. Diria que queremos menos cedências do topo para baixo, e maior foco em conseguirmos experiências que ajudem os jovens a desenvolverem-se. E isso pode vir de várias maneiras. É preciso analisar caso a caso. Toda a gente pensa que é só assinar com um jogador e emprestá-lo. Mas é muito mais complicado do que isso. O jogador tem de concordar. Há um agente e uma família envolvida. Tem de ser o ambiente certo para aquele jogador.

— O Bournemouth tem tido várias épocas em que perde algumas figuras principais. Como é que conseguem renovar de ano para ano e como é que pensam fazê-lo no Moreirense?

— Não é fácil. No Bournemouth, é a responsabilidade do Tiago Pinto e do Simon Francis. O nosso departamento de recrutamento planeia sempre um mercado ou dois à frente. O que eu vi até agora é que sempre estão a pensar quando um jogador pode ser vendido. O trabalho deles é pensar à frente e eles sempre estão preparados para todos os cenários. E no Moreirense, e nos outros clubes, também queremos estar à frente da curva. No Moreirense é comum ter de se trocar cinco a 10 jogadores. É a natureza do ecossistema do futebol global, do futebol de clubes. Não estamos no topo da cadeia alimentar, está tudo bem com isso. Se um jogador fizer uma boa temporada, há outros clubes que vão querer os seus serviços. Temos de ter a cultura de encorajar os jogadores a sonhar e que aceite essa realidade.