Texto de Wim Conings, que escreve para o Het Nieuwsblad. Este texto foi escrito no âmbito da Guardian Experts' Network, a rede de troca de conteúdos para a edição 2025 do Campeonato da Europa de Futebol Feminino, liderada pelo jornal inglês The Guardian e que tem A BOLA como representante português.

O ano começou com uma grande surpresa, que veio abanar a seleção belga: o selecionador Ives Serneels foi despedido após 14 anos no cargo. Já tinha garantido o apuramento para este Euro, mas as exibições frente a Grécia e Ucrânia, no play-off, foram tudo menos convincentes, pelo que a federação questionou se a equipa continuaria a evoluir.

Entrou Elísabet Gunnarsdóttir, que ficou em terceiro lugar no grupo da Liga das Nações que tinha Espanha, Inglaterra e Portugal. Adotou um 5x4x1 que procura transições rápidas, tirando partindo sobretudo da avançada Tessa Wullaert e da ala direita Jill Janssens.

Em situação ofensiva a equipa oscila para 3x4x3, com Davina Philtiens, que faz o lado esquerdo, a reforçar a zona central. Janssens avançado para o lado direito do ataque e Hannah Eurlings abre a esquerda do ataque.

Nas últimas datas FIFA o foco tem estado nas bolas paradas, mas a selecionadora assume que há muito trabalho a fazer para melhorar os momentos com bola. Na campanha da Liga das Nações a seleção belga deu muitos tiros nos pés ao entrar em pânico quando estava em posse, sobretudo em zonas recuadas. Ainda assim fez seis pontos nos últimos três jogos, incluindo uma vitória sobre as campeãs da Europa, o que fez com que o jogo posterior, com Espanha, tivesse um recorde de assistência: 8.054 pessoas.

Saar Janssen, Laura de Neve e Féli Delacauw falham o Euro, devido a lesão. Sari Kees, um rochedo na defesa, também teve problemas físicos, mas integra a lista final.

Selecionadora: Elísabet Gunnarsdóttir 

A cumprir os primeiros meses ao comando de uma seleção nacional, após um impressionante ciclo de 14 anos no comando do Kristianstads, da Suécia. A treinadora islandesa, de 48 anos de idade, viveu tantos anos na Suécia que agora considera esta a sua casa. Já tem também a nacionalidade, de resto. Fez uma pausa em 2024, para tomar conta da mãe, que enfrentava problemas de saúde, mas decidiu aceitar o convite belga após uma caminhada na praia. O motivo? O seu cão fugiu diretamente para os braços de um casal belga. Elogiada pelo lado estratégico, incluindo bolas paradas. 

Estrela: Tessa Wullaert

Poucas seleções terão uma jogadora tão destacada. A avançada de 32 anos, do Inter de Milão, tem o recorde de golos da seleção belga, e não parece disposta a abrandar. Na Liga das Nações marcou dois golos a Portugal, outros tantos à seleção inglesa, e um tento frente a Espanha. Gosta de baixar no terreno para fugir à marcação.  

A ter em conta: Mariam Abdulai Toloba 

Pode já ter 25 anos, mas teve agora o momento de afirmação, ao ser votada a Jogadora do Ano na Liga belga. «Há uns anos jamais diria que isto seria possível. Virei a página e comecei a acreditar mais nas minhas capacidades», referiu. Cresceu a jogar na rua, e por isso é uma excelente dribladora, especialmente em espaços reduzidos, para além de um remate potente. Vai rumar ao Nantes e até pode começar o Euro no banco, mas merece ser seguida de perto neste torneio. 

Onze-base (5x4x1)

Lichtfus; Janssens, Deloose, Tysiak, Cayman, Philtjens; Vanhaevermaet, Teulings, De Caigny, Eurlings; Wullaert.

Objetivo realista

Passar a fase de grupos. A seleção espanhola parece inalcançável, mas a Bélgica derrotou Portugal e Itália recentemente.