Germán Burgos escreve a carreira em tons dourados. A viver em Espanha, o antigo guarda-redes da seleção argentina está à procura de se relançar como treinador principal. Durante nove anos foi adjunto de Diego Simeone e, posteriormente, aventurou-se a solo no Newell’s Old Boys e no Aris Salónica. O Bola na Rede teve uma curta conversa com «El Mono» sobre vários temas, entre os quais sobre um possível interesse num desafio em Portugal.
Bola na Rede: Olá, Germán, como está? Para que o público português o conheça melhor, qual é o método de Germán Burgos para dirigir ou treinar?
Germán Burgos: O método que eu tenho desenvolvido ao largo destes anos todos divide-se em quatro fases: defesa, recuperação da bola, criação do jogo e definição.
Bola na Rede: Como?
Germán Burgos: Bom, eu trabalho com três sistemas de jogo… O 4-3-3/ 4-4-2/ 3-5-2. As formas de jogo devem adaptar-se sempre com os objetivos que tenha para cada clube e que os jogadores interpretem e executem rapidamente todos os recursos que lhes fornecemos, para garantir que as nossas equipas saiam a jogar para ganhar.
Bola na Rede: Disseram-nos que é amante do futebol português e que o segue assiduamente. É verdade?
Germán Burgos: Grande verdade! Gosto muito do futebol português desde há muito tempo, tive a oportunidade de enfrentar jogadores como Luís Figo, Cristiano Ronaldo e tive o João Félix no Atlético de Madrid quando eu era treinador-adjunto. Jogos incríveis. Figo era do outro mundo e Ronaldo, bom, Ronaldo é… Bom, não tenho palavras…
Bola na Rede: O que mais lhe agrada no futebol português?
Germán Burgos: É a valente forma de jogar saindo para ganhar, mantendo o gosto pelo bom futebol e ofensivo. Portugal tem um estilo de jogo elevadíssimo. Aprecio muito. Dos melhores do mundo, dos que mais gosto em todo o mundo.
Bola na Rede: Dirigiu o Newell’s Old Boys, de Marcelo Bielsa, e o famoso Aris Salónica da Grécia. O que mais lhe agradou dessas experiências?
Germán Burgos: Na minha experiência no Newell’s Old Boys ajudei a estrear na primeira divisão vários jogadores da formação os quais dois foram vendidos recentemente por sete milhões de dólares. Primeiro, o Bryan Aguirre ao Boca Juniors, seguiu-se o Nicolas Castro ao Elche de Espanha. Fiquei super feliz por ter ajudado a projetá-los. Potenciar jogadores é um dos trunfos que os treinadores têm para fazer com que os clubes ganhem dinheiro apostando na formação. Mas é muito recompensador ver os nossos jovens crescerem a todos os níveis.
Bola na Rede: E em relação à experiência no Aris Salónica. Como foi a experiência?
Germán Burgos: Foi incrível, o clube, o clima, o ambiente, as pessoas são incríveis, loucos por futebol e pelo Aris. Foram tempos inesquecíveis. Quando cheguei ao Aris apanhei a equipa na oitava posição no campeonato e subimos até ao terceiro lugar na Liga da Grécia, o que nos deu a surpreendente entrada na Liga Conferência. Além deste feito, ainda promovemos jogadores da formação para a primeira equipa. Foi extraordinário.
Bola na Rede: Não podemos deixar de falar do Atlético de Madrid, onde foi o braço-direito de Diego Simeone. Como foi a passagem de sete temporadas no Atlético de Madrid?
Germán Burgos: Dos oito títulos ganhos que tenho como treinador, sete foram com o Atlético de Madrid e em três finais tive a sorte de o fazer como treinador principal, ganhando duas ao Real Madrid e uma ao Olympique de Marselha. Sem dúvida que nasci para vencer (sorrisos).
Bola na Rede: Tem um percurso de muita paixão ligado ao futebol. O que lhe ofereceu de melhor esta modalidade?
Germán Burgos: Sempre gostei de ser treinador devido à minha posição em campo (guarda-redes). Tive grandes treinadores que me ensinaram que para ser uma equipa competitiva passa-se por quatro fases…
Bola na Rede: Quais?
Germán Burgos: Bom, tudo passa pela mente, a seguir vem o coração, depois às pernas e, por último, aos pés, nunca é ao contrário. Por isso, defendo que os bons treinadores escolhem quatro jogadores que seguram a ideia dentro e fora do campo. Ao mesmo tempo, esses jogadores são treinadores dentro do campo de forma permanente. O ideal seria estas quatro posições: guarda-redes, defesa, médio centro e ponta de lança. Quando através do tempo vais atingindo objetivos importantes com estas ideias vais-te apaixonando pela profissão. E, de facto, ser treinador é o máximo, amo ser treinador, é uma profissão apaixonante.
Bola na Rede: Para fechar esta entrevista, o seu nome tem sido apontado nos bastidores ao futebol português. Confirma que o seu nome está em cima da mesa em Portugal?
Germán Burgos: Sim. Confirmo que ouvi que o meu nome soou em Portugal.
Bola na Rede: Iria?
Germán Burgos: Não posso negar que adoraria participar num projeto em Portugal. É um país com enorme potencial e onde posso partilhar todo o meu conhecimento como treinador. Vamos ver… mas gostaria de apanhar um avião para Portugal. (sorrisos)