Aos 21 anos, Franjo Ivanovic é um dos avançados mais promissores da sua geração. Com 16 golos e cinco assistências na época de estreia pelo Union Saint-Gilloise, o já internacional croata – dois golos em quatro jogos, ambos marcados a Gibraltar, em junho, a contar para o apuramento para o Campeonato do Mundo – tornou-se um dos atores principais no final cinematográfico da última temporada, quando o emblema de Bruxelas colocou um ponto final num jejum de 90 anos ao conquistar o seu 12.º título de campeão belga.

Muito do regresso à glória por parte do conjunto do bairro de Saint Gilles se deve à força, mobilidade e instinto de um ponta de lança que ameaça tornar-se demolidor além-fronteiras, assim que convencer um clube de maior nomeada a recrutá-lo. Na verdade, o interesse, sobretudo por parte de clubes alemães, como o Eintracht, tem esbarrado nas exigências dos belgas para fazer negócio. E, como tal, o Benfica posicionou-se para entrar na corrida, provavelmente seduzido pelo perfil do jogador, no qual se encontram algumas pontes para… Viktor Gyokeres.

Ivanovic é, tal como o sueco, um avançado que intimida. Provou-o já na nova época outra vez, na Supertaça, ao arrancar para a baliza para marcar o primeiro golo do encontro, que viria a ser o único do Saint-Gilloise na derrota por 1-2 com o Club Brugge. Com um físico dominante (apenas menos quatro centímetros que o ainda ponta de lança do Sporting) e espírito agressivo e combativo, tornou-se rapidamente um pesadelo não só para os defesas da Jupiler Pro League, mas também para os que encontrou pela frente durante as noites europeias, mais concretamente na Liga Europa (4 remates certeiros em dez partidas). Capaz de atuar como referência mais posicional, finalizador de último toque ou até segundo avançado, apresenta uma versatilidade rara num jogador com a sua fisionomia, que atinge os 1,85 metros de altura.

Apesar de representar a Croácia desde os sub-14, há pouco da formação do país da ex-Jugoslávia no seu percurso. Nasceu em Schwaz, na Áustria (camisola que também vestiu nos sub-15), e por aí deu os primeiros passos enquanto futebolista: o SVG Mayrhofen acolheu-o durante sete anos. Mudou-se para a Alemanha e representou Lohwald e Augsburgo, onde sentiu dificuldades de afirmação. Em 2023, chegou finalmente à Croácia, como jogador livre. Assinou pelo Rijeka, marcou 16 golos e fez quatro assistências, que levaram o Saint Gilloise, um ano depois, a pagar 4 milhões de euros pela sua contratação.

Na Bélgica, encontrou finalmente o contexto ideal para evoluir. A parceria alternada com dois avançados de perfil bem diferente — o gigante canadiano Promise David e o veloz ganês Mohammed Fuseini — comprovou capacidade e inteligência para se adaptar a diferentes contextos.

Completo, moderno e demolidor

É que Franjo Ivanovic não se limita a marcar golos. Sem bola e a defender, pressiona para recuperá-la, é sempre o primeiro defesa. Ainda sem esta, mas a atacar, arrasta marcações, abre espaços para os companheiros e gosta, também ele, de atacar a profundidade. Depois, com esta nos pés, é um avançado moderno em forma de tanque. Os números confirmam-no como ameaça permanente: três remates por jogo e presença constante na área adversária, com elevado volume de ações ofensivas.

Ainda assim, há margem para crescer. A finalização, embora potente e cirúrgica, está ainda assim abaixo das expectativas criadas pelos seus próprios dados de xG (expected goals, golos esperados), o que diz bem do que se pode tornar em breve, uma vez que a eficiência vai certamente aumentar para acompanhar a frequência. O mesmo se aplica à relação em campo com os colegas: os apoios, sob pressão, ainda carecem de compostura e critério, e os 74,5% de eficácia no passe (dados FBref) denunciam ainda alguma ansiedade em espaços curtos. Mas, aos 21 anos, não há porque não evoluir.

Com os dois pés prontos a disparar e uma condução agressiva em progressão, Ivanovic alia potência e velocidade, características que o tornam num dos perfis mais desejáveis para clubes que procurem um verdadeiro bulldozer na frente de ataque. É lógico que se pense em Gyokeres como termo de comparação, porém, ao contrário do nórdico não é um produto acabado e tem tudo por provar, apesar de já ser uma ameaça constante. Ao que tudo indica irá enriquecer em breve a liga portuguesa.