À boleia do lançamento da participação do FC Porto no Mundial de Clubes, Martín Anselmi partilhou algumas preferências pessoais, desde logo a sua curiosidade pelo futebol americano e o grande exemplo no desporto que vê em Michael Jordan. Na entrevista à DAZN, o técnico dos dragões também se debruçou sobre o impacto do futebol no Mundo e pediu a todos os agentes da modalidade que deem o exemplo na luta contra o racismo.

Desportos americanos

"Não vejo muito. Gostava de saber mais sobre futebol americano, porque quando estava no México vi bem a paixão com que vivem a modalidade. Eles param mesmo para assistir à final do Super Bowl. Diria que é um desporto muito tático e que envolve muita paixão, sinceramente gostava de aprender mais. Sem dúvida que a NBA é o desporto americano mais popular, por lá passaram jogadores de elite como Michael Jordan que, para mim, é um atleta que representa os valores do desporto."

Um objeto redondo

"Não sei se o futebol une o mundo. Creio que une as pessoas, porque para jogar futebol basta ter um objeto redondo. No meu país fazíamos as balizas com duas sapatilhas ou garrafas, isso era suficiente para que dez pessoas interagissem entre si com uma bola. É muito fácil unir as pessoas, basta uma bola para o conseguir. Na América do Sul é muito comum que os brasileiros e os argentinos joguem uns contra os outros na praia, mesmo não se conhecendo, e no final acabam por se tornar amigos ou inimigos. Quando um estrangeiro se torna ídolo num clube de outro país também ajuda a unir as pessoas de diferentes nacionalidades. Muitos jogadores argentinos acabaram por se tornar ídolos de clubes europeus e os adeptos desses clubes levaram bandeiras argentinas quando iam apoiar a equipa e o jogador ao estádio. O futebol é isso."

Ponto final no racismo

"Venho de um país onde vivem pessoas de diferentes culturas e onde o racismo poderia ser uma realidade, mas nunca senti isso. Mesmo já tendo vivido em vários países nunca presenciei uma situação de racismo. Tenho consciência do quanto esses episódios podem afetar uma equipa ou um jogador em particular. Já vi várias vezes isso a acontecer na televisão e nas redes sociais e tenho consciência de que não está certo. Não faz bem a ninguém. O futebol serve para unir e o racismo desune. Toda a gente tem um certo poder, não é verdade? Há pessoas que vivem com um microfone à frente e podem influenciar através da opinião. No futebol as pessoas consomem o espetáculo, por isso é um desporto em que devemos dar o exemplo. Podemos parar o espetáculo e dar o exemplo. A colaboração do ser humano é muito importante. Não importa se é um adepto, um futebolista, um treinador, um dirigente ou um árbitro. O ser humano tem de compreender que o racismo é dar um passo atrás. Temos de falar sobre ele porque ainda acontece, mas o racismo não deveria ter lugar no desporto."