
De jornalistas a treinadores. Adversários esta sexta-feira, Martín Anselmi e Hugo Oliveira têm em comum o facto de terem trocado o papel e a caneta por quadros táticos e um lugar no banco de suplentes. Bem perto do futebol, a grande paixão que os conduziu inicialmente a uma licenciatura em Ciências da Comunicação.
Enquanto o técnico do FC Porto se formou na Argentina, o país de origem, o homólogo do Famalicão concluiu os estudos na Universidade Fernando Pessoa, no Porto. O objetivo de ambos era, muito provavelmente, contar estórias antes de virarem eles próprios protagonistas.
«Conheci o Hugo Oliveira no primeiro ano da faculdade. Tínhamos um grupo bastante próximo e o nosso dia a dia era a falar de futebol, a grande paixão de todos. Quando entrámos na universidade em jornalismo desportivo foi pela possibilidade de estarmos ligados ao desporto e em particular ao futebol», lembrou Rémulo Jónatas, diretor desportivo com passagens por Boavista, Zimbru, Fafe, Leixões e Camacha.
Anselmi nunca chegou a exercer a profissão ao contrário de Hugo Oliveira, que foi jornalista na antiga NTV durante dois anos. Observou treinos, jogos, enfim, analisou de perto um pouco do que faziam os melhores até decidir enveredar pela carreira de treinador. Especializou-se no treino de guarda-redes e tornou-se, inclusive, no primeiro português licenciado pela UEFA.
«O Hugo já falava muito sobre continuar ligado ao jogo. Ele ainda jogava, era guarda-redes, mas já lutava contra algumas lesões. Como sempre teve paixão pelo futebol, gostava de analisar e de discutir situações específicas já muito viradas para a posição de guarda-redes. Evoluiu de forma sustentada e atingiu patamares de excelência», relatou.
Após deixar o jornalismo desportivo, Hugo Oliveira foi treinador de guarda-redes em várias equipas, das divisões inferiores portuguesas à Premier League, e só aos 45 anos, no Famalicão, é que iniciou o percurso de técnico principal. Por seu turno, Anselmi começou a treinar em 2015 na quarta divisão da argentina (foi adjunto alguns anos) e em dez anos chegou FC Porto.
Percursos distintos, mas com pontos em comum. Outrora jornalistas, hoje Anselmí e Hugo Oliveira são notícia semanalmente.
«Diz-se que um antigo guarda-redes nunca dá grande treinador. O Hugo pode mudar esse paradigma», concluiu Rémulo Jónatas.
O paradigma de jornalistas darem treinadores profissionais ambos já mudaram, certamente.