
Luís Gonçalves está na Tribuna VIP do Bola na Rede. É treinador de futebol e trabalhou na formação do Sporting onde foi coordenador, treinador e treinador-adjunto. Entre outros projetos trabalhou na Arábia Saudita e foi adjunto do Tondela, Belenenses e Atlético. Treinou os sub-15 do FC Porto em 2014/2015 e foi adjunto de Abel Xavier na seleção de Moçambique. Treinou ainda a seleção da China de sub-16 e foi selecionador principal de Moçambique. O seu último trabalho foi no Interclube de Angola.
Sabemos que a Bola de Ouro será entregue, com justiça, a Ousmane Dembelé — mas, sinceramente, deveria haver mais do que uma para atribuir. Vitinha fez uma temporada extraordinária, e voltou a provar no embate frente ao Real Madrid, que está entre os melhores do mundo.
Um recital coletivo com assinatura de Vitinha
O PSG pulverizou o Real Madrid num jogo de sentido único. É verdade que o Real está em reconstrução, agora sob o comando de Xabi Alonso, mas a diferença entre as duas equipas em campo foi surpreendente. Curiosamente, ambas se apresentaram num 4-3-3.
O campeão europeu mostrou-se uma verdadeira máquina de jogar futebol, com um jogo bem oleado e uma dinâmica coletiva impressionante. Mesmo debaixo de um calor intenso, o PSG dominou de princípio ao fim, apoiado no seu modelo de jogo — o já reconhecível 4-3-3 de Luís Enrique.
Vitinha teve um papel vital: organizou, regulou o ritmo e deu sempre critério à posse. Quando se tem jogadores como Nuno Mendes (que jogador!), Marquinhos, Fabian Ruiz, João Neves, Dembelé, Hakimi, Doué, entre outros, todos focados no bem coletivo, o treinador pode sentir-se realizado. Mas não é fácil conseguir isso — colocar grandes talentos ao serviço da equipa continua a ser a arte mais difícil deste jogo.

O meio-campo que decidiu tudo
Luis Enrique venceu o jogo no meio-campo. O trio formado por Vitinha, João Neves e Fabian Ruiz, com o apoio fundamental de Dembelé, não deu qualquer hipótese a Tchouaméni, Güler e Bellingham. A pressão, a inteligência posicional e a capacidade de construção deste setor foram absolutamente decisivas.
Um Mundial de Clubes com muitas lições
Este Campeonato do Mundo de Clubes tem sido alvo de críticas — com razão — pelo momento em que se joga e pela sobrecarga imposta aos jogadores. Também partilho dessa visão enquanto treinador. Mas a verdade é que, apesar das polémicas, temos assistido a jogos de grande qualidade que apaixonam multidões.
Destacam-se, o Chelsea de Maresca, também num 4-3-3 atrativo e pragmático, finalista merecido, o surpreendente Benfica, que mostrou identidade mesmo com alguns problemas, o Sundowns de Miguel Cardoso, com um futebol muito interessante e com selo de garantia, e o apaixonante Palmeiras de Abel Ferreira, além de Flamengo e Fluminense, que voltam a confirmar o bom momento das equipas brasileiras.
PSG favorito — e com razão
A final promete. O regresso do 4-3-3 como sistema base de várias equipas de topo é algo curioso e digno de nota. Embora a estrutura tática por si só diga pouco, é notável como alguns treinadores conseguiram devolver vida a esse sistema através de dinâmicas modernas e bem trabalhadas.
Acredito que o PSG se vai impor. Para mim, neste momento, é a equipa que melhor futebol pratica no mundo. Aproxima-se, com as devidas proporções, daquele inesquecível Barcelona de Guardiola.

Vitinha, que época!
Voltando ao nosso Vitinha, não há muito mais a dizer: fez uma época absolutamente brilhante. Foi o motor, o cérebro e, muitas vezes, o coração da equipa. Dembelé vai receber a Bola de Ouro com justiça — mas arranjem uma segunda Bola de Ouro. Esta, com todo o merecimento, deveria ser entregue ao Vitinha.