Por mais que o tema forte da semana tenha sido um cartão amarelo e uma potencial suspensão para a jornada seguinte, inconsequentes nadas à beira de uma perspetiva maior, os deuses do futebol trataram de trazer, à hora do jogo, a bola de volta ao primeiro plano.

P J V E D
1 Sporting 78 32 24 6 2
2 Benfica 78 32 25 3 4
Antes que pudéssemos sequer começar a pensar no dérbi de todas as decisões (que quentinho será o próximo sábado...), tínhamos primeiro de viver os 90 minutos deste domingo. Ou 93 minutos, já que foi nos descontos que Eduardo Quaresma, rapaz da casa e tão apreciado pelos adeptos, fez o Estádio José Alvalade explodir com a conquista de três importantes pontos. Algures no Uruguai, Coates sorriu...

O Gil Vicente fez a sua parte, bem mais até do que lhe era exigido. Esteve em vantagem praticamente todo o jogo e defendeu de forma quase irrepreensível. A imperfeição da exibição gilista esteve apenas na força sobrenatural que consumiu o Sporting na reta final de um jogo que, em caso de título, jamais será esquecido.

Não era este o plano

Se o jogo começou com uma boa oportunidade a favor do Sporting, que assim correspondia, logo ao segundo minuto, às expectativas de um estádio em festa, o mesmo não se pode dizer do resto de uma primeira parte que pouco ou nada de positivo gerou para o lado verde e branco.

As bolas longas, quase sempre armadas por Debast e Inácio, saíram sempre para lá da linha final; os dribles de Pote e Maxi esbarraram sempre em paredes da linha defensiva gilista; mais à frente, Gyökeres e Trincão tentaram mutuamente encontrar-se, mas o último passe nunca chegou ao destino. Foi repetitivo.

Três golos numa foto só @Kapta+
Geny e Eduardo Quaresma tiveram maior acerto nas suas investidas, mas até eles erraram. Claro que nenhum deles tão gravemente como St. Juste, que aos 22 minutos cedeu a grande penalidade que Félix Correia converteu para chegar aos 10 golos na temporada.

O extremo do Gil Vicente pediu desculpa aos adeptos do clube onde foi formado, mas estes preferiam certamente ver o arrependimento do central neerlandês que, recorde-se, já tinha sido culpado na última vez que o Sporting sofrera primeiro em casa: o infame atraso no 2-2 frente ao Arouca.

Quando a crença encheu o ar de Alvalade...

O golo podia ter galvanizado equipa e adeptos, mas medos e ansiedades falaram mais alto. As bancadas acusaram a pressão e, a seu tempo, isso notou-se também em campo. Em sentido inverso, os homens de Barcelos ganharam conforto, principalmente graças à solidez do quarteto defensivo e de Bamba. Mérito também de César Peixoto pela forma como montou essa teia.

A segunda parte não trouxe grandes mudanças na maneira em como a história se estava a desenrolar. Para forçar algumas, Rui Borges lançou, aos 64 minutos, Gevany Quenda, Conrad Harder e Morten Hjulmand. Qualquer conversa sobre amarelos e suspensões já era, por essa altura, totalmente secundária.

Reviravolta tardia deixa Sporting na liderança partilhada @Kapta+
Com o jogo a não dar qualquer espaço a Gyökeres, Harder trouxe uma faceta mais rematadora à equipa. Isso inicialmente não mexeu com o jogo (foram só mais tiros à parede gilista), até que um deles, aos 81 minutos, caiu exatamente aos pés de Maxi Araújo que, com um remate potente, reanimou Alvalade. O empate, por fim!

De repente a casa, outrora adormecida, acordou de forma monstruosa. Também a linguagem corporal dos jogadores mudou por completo, com a crença de que o segundo golo chegaria a tornar-se uma presença palpável. Podia ter sido qualquer sportinguista a colocar a bola do 2-1 dentro das redes, mas foi Eduardo Quaresma, rapaz da casa, que o fez.

Se o Sporting se sagrar campeão nacional, o momento daquele remate de fora da área ficará para sempre no folclore leonino. Certo é que as decisões sobre o primeiro lugar, novamente partilhado entre rivais lisboetas a duas jornadas do fim, ainda não estão tomadas. Isto promete...