Em entrevista a A BOLA, Tim Bezbatchenko explica a forma como o Black Knight Football Group encontrou o Moreirense antes da aquisição, da investigação que fez para adquirir o emblema de Moreira de Cónegos e afirma que não haverá uma «revolução» no plantel principal. Diz o CEO do fundo de investimento que «há três clubes muito longe dos restantes» e que é necessário fazer uma análise ponderada antes de se decidir qual o objetivo a apontar para a equipa do Minho.

— Qual era o estado do clube quando chegou, em termos financeiros e desportivos? Qual foi o primeiro passo que decidiram tomar?

— Encontrámos um clube que tem um modelo sustentável. Há muitos clubes de futebol na Europa e globalmente que têm muitos problemas. Mas o Moreirense é um clube que conseguiu ser sustentável financeiramente através não apenas de prémios de jogo, mas também de venda de jogadores. Encontrámos uma base sólida e estável que podíamos avaliar e potencialmente ajudar a crescer. Além disso, eles tinham a ideia de expandir a infraestrutura do clube com o novo centro de treinos. Os relvados da equipa principal e da formação estão concluídos, o edifício da academia será concluído nos próximos meses e passaremos para as instalações da equipa principal. Temos de avaliar, com tempo, a oportunidade do estádio, se é um novo ou se vamos renovar. Avaliaremos nos próximos dois anos. Queremos dar um passo em frente.

— E qual é o passo em frente?

— Somos muito ambiciosos. Na Black Knight, queremos os nossos clubes a competirem no nível mais alto. O Hibernian alcançou a qualificação europeia este ano. Em França, o Lorient desceu mas já subiu. Agora: não quero colocar já um valor, além de dizer que estamos em modo de análise. Estamos no processo de integrar as operações do Moreirense na Black Knight e no Bournemouth. Daqui a seis meses podemos falar sobre esse próximo passo.

Queremos ser realistas com os nossos objetivos. Conhecemos a realidade do campeonato português. Há três clubes que estão financeiramente muito mais longe do que os restantes, em termos de jogadores, academias e história. Então, há um monte de clubes que estão a tentar crescer e estão a estabelecer-se no topo. A pergunta é: qual é a nossa posição na Liga? O que precisamos de gastar para nos estabelecermos como um clube de topo em Portugal? Acho que é aqui que temos de ouvir primeiro e aprender antes de tomarmos grandes decisões.

— Podemos esperar uma revolução no plantel do Moreirense neste verão?

— É uma palavra forte. Diria que não. Acho que não estamos aqui para revolucionar o clube ou o futebol português. Uma das razões para termos escolhido o clube é que ele tem sido bem dirigido, por pessoas boas. Estamos aqui para fazer mudanças que podem aumentar o que eles já fazem. Não é uma revolução, é uma elevação. É um bom momento para falar sobre respeitar a cultura. Em alguns grupos proprietários de clube, há uma tendência para que vejam todos como um. E eu acho que isso é como entrar numa mercearia e dizer que as frutas são todas iguais. Há centenas de variedades de diferentes tipos de frutas, e elas são todas diferentes. Não pretendemos que todos os clubes do grupo joguem da mesma maneira. Acho que é impossível, em todos os países, fazer isso de uma forma uniforme. Queremos ter a certeza de que refletimos os valores de Moreira de Cónegos.