João Medeiros da Credibom/LA Alumínios venceu isolado a segunda etapa do Grande Prémio Abimota e Afonso Silva do Tavira segurou a camisola amarela por cinco segundos.

Noutro dia de enorme exigência para os corredores, à imagem da dantesca etapa inaugural, também disputada sob intenso calor e num percurso igualmente duro, o pelotão que partiu encurtado em 32 corredores, desistentes na razia da véspera entre Proença-a-Nova e Anadia, voltou a fragmentar-se ao longo dos 156 quilómetros da segunda tirada, com partida e chegada a Vouzela.

Um duo constituído por João Medeiros e o norte-americano Keegam Swirbul, da Efapel, isolou-se com objetivos diferentes, colaborou com harmonia durante muitos quilómetros, e só se separou nas últimas centenas de metros da etapa, no empedrado de Vouzela, onde o jovem açoriano deixou o parceiro de fuga para trás cinco segundos.

O corredor de Ponta Delgada, de 24 anos, lutou pela vitória e alcançou-a, enquanto Swirbul visava a liderança da classificação geral, que tinha à distância de 45 segundos no arranque da etapa, mas ficou a cinco segundos dessa meta – precisamente o tempo que perdeu para o vencedor.

Emocionado após a chegada, João Medeiros falou em prémio de superação de contrariedades nos últimos tempos e dedicou o triunfo. « É uma vitória muito especial para a equipa, para mim especialmente. Venho de um período bastante difícil, com quedas graves, períodos de recuperação longos, mas nunca deixaram de acreditar em mim, eu nunca deixei de acreditar», declarou o corredor formado na Credibom/LA Alumínios. E é muito especial mesmo sentir que sou capaz, trabalhei muito, e ver todo o esforço compensado, é sem dúvida uma recompensa enorme», continuou.

«Quero dedicar esta vitória aos meus pais. Claro, sem esquecer a equipa, sem esquecer todos os outros», acrescentou João Medeiros, que descreveu a história que o levou a erguer os braços pela primeira vez esta temporada. «Vinha para o GP Abimota para discutir a geral, mas ontem a [primeira] etapa não correu como desejava [foi 14.º, a 8.05 minutos do vencedor Afonso Silva] e tive a ambição de ir para a fuga, pois poderia ter alguma liberdade. Consegui estar sempre com os melhores, e na altura exata ataquei. Depois vir sempre com o Keegam [Swirbul], que fez uma corrida espetacular, porque ele queria a geral. No final acelerei e como estava mais fresco ganhei», contou.

A batalha pela amarela não foi menos intensa durante mais uma escaldante etapa, corrida acima dos 30 graus centígrados. O alentejano da equipa do Tavira, Afonso Silva, teve a camisola ameaçada por Keegam Swirbull e só pôde descansar após chegada em Vouzela, onde soube que a mantinha, mas por apenas cinco segundos, a vantagem com que partirá para o último dia de prova. « Foi uma etapa duríssima, desde o início. Fomos muito atacados. Fiquei sozinho desde muito cedo, depois os meus colegas sofreram muito para chegar ao meu grupo, para me ajudar, e ajudaram-me imenso, deram tudo!», começou por explicar, ainda ofegante, o líder da geral, a A BOLA.

«Sabia que ia um ciclista na frente que era perigoso [Swirbull] e tive que arrancar e tentar fazer um contrarrelógio até à meta para tentar ainda manter a amarela. E foi possível. Estou muito feliz, mas ao mesmo tempo muito cansado», descreveu o jovem corredor de Odemira, que terá mais uma dura tarefa na derradeira etapa. «Ainda não quero pensar nisso. Agora é desfrutar o que se pode, descansar, e dormir bem outra vez», disse ciclista de 25 anos.

Este domingo decide-se quem sucede ao russo Artem Nych (Anicolor-Tien21) no historial de vencedores do GP Abimota. A terceira etapa, a mais curta, mas não necessariamente a mais acessível, inicia-se na Praia da Vagueira, em Vagos, e termina 130 quilómetros adiante, em Águeda. A passagem pelo alto de Dornas, em Tondela (contagem de montanha de 3.ª categoria; km 100,6) poderá ser decisiva.